terça-feira, 27 de novembro de 2018

Social Democracia x Liberalismo Social - O que os separa?

Em um período de intensa discussão e de exaustivas postagens em Redes Sociais (Boa parte delas sem nenhum sustento intelectual), eu pensei na possibilidade de escrever um texto de forma simples, onde buscarei estabelecer as diferenças básicas entre o pensamento Social-Democrata e o pensamento Liberal-Social, com o intuito de fomentar o debate, mas também para alimentar um pouco mais as discussões que ainda pairam sobre alguns conceitos e doutrinas políticas. 
Minha intenção é, também, de fortalecer um debate interno que ainda hei de travar sobre o tema.
Logo de cara quero dizer que, tanto a social-democracia, quanto o liberalismo-social no desenho tradicional ideológico entre "Direta-Esquerda", ambos transitam pela esfera mais ao centro. A social-democracia por ter uma raiz marxista situa-se como "Centro-Esquerda", já o  Liberalismo-Social, por toda a sua identidade Liberal Clássica acaba se enquadrando em uma "Centro-Direita". 
Feita essa breve apresentação, vamos buscar entender um pouco as diferenças principais entre essas duas formas de pensamento, sempre buscando manter a linha de um texto bem claro e até certo ponto, didático, para uma melhor compreensão dos leitores:

O Conceito de Sociedade (A relação entre o Individuo e a Sociedade)
Da mesma forma que os Liberais (E ai eu incluo todos os liberais), os Sociais-Democratas enxergam a sociedade como a soma de todas as individualidades, quer dizer, a sociedade é aquilo que os indivíduos fazem dela, como elas a constroem, a usam, etc. As pessoas são seres sociais, logo, a sociedade é, seguindo esse raciocínio, o lugar no qual as pessoas podem atingir suas máximas potencialidades e habilidades. 
Tanto os sociais-democratas e liberais-sociais rejeitam visões individualísticas extremas como se tem notado tanto no Libertarianismo (Liberalismo individualista levado às últimas consequências) quanto no Conservadorismo (Já escrevi sobre o tema anteriormente, mas posso voltar a discorrer sobre...). Considero essa diferenciação muito importante nos dias de hoje, onde todos acabam confundindo os conceitos Liberais dos conceitos Conservadores.
A natureza da Sociedade
Os Sociais-Democratas costumam enxergar a sociedade como uma entidade artificialmente dividido em "classes sociais" ou grupos de base sócio-econômica. Essa base não precisa ser necessariamente igual em suas divisões e anseios, mas a sociedade é o lugar no qual todas as pessoas são iguais, e qualquer sociedade que não promova essa igualdade não é nem boa e nem justa (Aqui a gente consegue perceber claramente a origem Marxista da Social Democracia, a paixão desmedida pela "Igualdade")
Já para os Liberais-Sociais, a sociedade é a soma dos indivíduos que participam de diferentes grupos com base em suas origens, costumes, critérios econômicos, interesses entre os quais existe uma simbiose e muitas vezes embates, porém, não existe uma "Luta de Classes". 
A desigualdade entre os indivíduos é vista como algo natural (diferenças físicas, de sexo, idade, cor da pele, condições social), porém para que estes indivíduos naturalmente diferentes possam participar da vida social/econômica em pé de igualdade, é necessário  que se entenda que todos são iguais perante a lei que regula as relações entre os indivíduos e ao mesmo tempo todos devem ter as desigualdades iniciais  (Saúde, educação, segurança ) diminuídas ao máximo para que se torne possível que uma pessoa nascida em uma região marginalizada ou alguém nascido em condições favoráveis possam concorrer por empregos e vagas em universidades dependendo somente de seu esforço e de suas competências.
Assim, neste ponto, tanto o Liberalismo Social e a Social-Democracia se aproximam, mesmo que se utilizem de maneiras e visões diferentes para atingir objetivos muito parecidos.

A Natureza do Estado
Para os sociais-democratas o Estado tem um papel central na promoção de uma sociedade boa, justa, solidária e saudável. Por acreditarem firmemente na Democracia (não na democracia liberal tradicional, mas em algo próximo do conceito socialista de "poder popular" na qual o poder é pulverizado e conselhos regionais e plebiscitos são utilizados para deliberar sobre diversos assuntos) os sociais-democratas veem o Estado como a encarnação da vontade popular e de seus valores, sendo assim, o Estado é um agente de transformação social (Neste ponto os sociais-democratas se distanciam dos marxistas que veem o Estado como um instrumento de opressão da classe trabalhadora). Um social-democrata não defende a diminuição pura e simples do Estado, mas a criação de mecanismos de controle social desse aparelho Estatal (Aqui no Brasil chamadas de "Agências Reguladoras")
No caso dos liberais-sociais a relação com o Estado é um quanto dúbia. Como qualquer liberal eles abominam a ideia do Estado como tutor da sociedade e por isso através de processos legislativos reduzem o poder do Estado dividindo-o em “poderes” e ainda criando leis que limitem sua esfera de ação, além da gradual diminuição do tamanho do Estado, buscando sempre que possível, "enxugar a máquina" estatal.
Porém, o Estado precisa ter atribuições na promoção da justiça, da segurança, da saúde e educação como prioridades visando diminuir as desigualdades iniciais e promover uma competição entre os indivíduos mais equalizada. Para os liberais-sociais o Estado é o mediador dos conflitos entre os cidadãos, o resguardador da ordem institucional e civil e o regulamentador das relações de concorrência comercial e pessoal.

O Papel do Estado

Os sociais-democratas tem apoiado a institucionalização do modelo de "Estado de Bem-Estar Social". Eles entendem que o bem estar social é uma parte fundamental da sociedade, e como uma expressão da responsabilidade democrática da sociedade, é uma responsabilidade do Estado garantir o acesso aos recursos necessários para que tais necessidades básicas sejam satisfeitas. 
Enquanto os liberais-sociais veem modelos institucionais sem condições para lidar com os problemas distributivos do capitalismo, os sociais-democratas tem apoiado este modelo institucional como parte do gradual movimento da sociedade em rumo a uma conformação mais justa e igualitária.
Os liberais-sociais percebem tal modelo institucional como um mal necessário para corrigir o excesso de desigualdades causadas pelo sistema capitalista, já os sociais-democratas veem este modelo institucional como parte integral do desenvolvimento da sociedade, e assim, numa postura democrática o Estado seria a peça principal na promoção do bem-estar social. Percebem ai uma sútil, porém, importante diferença em qual deva ser o papel do Estado?
Aqui eu darei uma parada e continuarei em outro texto (segue)


terça-feira, 13 de novembro de 2018

Relembrando escritos...


Escrevi esse texto uns tempos atrás, mas sempre que o leio, sinto que ele é atual e pode servir para que façamos uma reflexão sobre o sentido de nossa caminhada neste mundo....

"Durante 12 anos de minha vida fui casado com uma mulher simplesmente fantástica, que sempre que ia desejar "Feliz Aniversário" para alguém, usava a expressão: "Que o ciclo que se inicia..." Pois bem, para cada ciclo que começa, um ou vários ciclos precisam ser encerrados. Chega a ser quase uma "ação natural"

Eu entendo que sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se a gente insiste em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria, a espontaneidade e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos, game over...não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já realmente se acabaram.  

Você pode passar muito tempo se perguntando por que tal coisa aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. 

Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. 

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. É um erro "parar no tempo" para tentar entender o "Por que" de um final, e pior, as vezes se sentir culpado com esse encerramento. 

O que passou, passou não voltará mais: Eu nunca mais serei um menino, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. Precisamos aprender a arrumar o "armário do nosso passado", a vida está em constante transformação. O ciclo agora encerrado, pode se transformar em um outro ciclo (mesmo tendo as mesmas personagens....apenas muda-se uma parte do roteiro)

Coisas e pessoas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, vender ou doar os livros que tem. 

Tudo neste mundo físico é uma manifestação do mundo metafisico, do que está acontecendo em nossa mente  e o desapega-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras novas tomem o seu lugar. 

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos e não são devidamente esclarecidos, promessas de trabalho que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. O que virá em seguida será sempre algo novo, diferente. Mesmo que, como disse antes, possa ser vivido com as mesmas pessoas.

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa, um erro, nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. 

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. 

Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem você realmente é e busque incansavelmente a sua felicidade. Não podemos esquecer que a nossa felicidade não está no outro e sim dentro de cada um de nós. Ter consciência disso, é o primeiro passo na escada que leva ao auto conhecimento e a auto aceitação, os pilares da Felicidade."

Uma vez Flamengo...por que não os outros

Entramos em uma semana importantíssima para o futuro do futebol brasileiro. E não falo apenas por ser mais uma decisão de Libertadores (...