segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Uma vez Flamengo...por que não os outros



Entramos em uma semana importantíssima para o futuro do futebol brasileiro. E não falo apenas por ser mais uma decisão de Libertadores (o Brasil, felizmente, aprendeu a dar importância para esse torneio) e nem somente pela iminência de terminar matematicamente (porque na prática já terminou faz tempo) o campeonato brasileiro, falo dessa semana como uma possibilidade de divisor de águas no marasmo em que se tornou o futebol brasileiro nos últimos 20 anos.

O Flamengo chega a este final de semana com a possibilidade de ser campeão da Libertadores (tem 50% de chances disso) e também, podendo ser campeão brasileiro (basta o Palmeiras não ganhar do Grêmio, probabilidade de 60% na minha opinião). Mas o que isso tem de importância para o futebol brasileiro, além, obvio, da felicidade da imensa nação rubro negra?

O Flamengo pode conquistar esses títulos de uma maneira que há muito não se via pelas bandas daqui…o Flamengo pode ganhar os dois torneios jogando futebol!!! Parece absurdo dizer isso, afinal, em tese, estamos falando de torneios deste esporte, mas o que o Flamengo está mostrando para o Brasil e para aqueles que trabalham com futebol por aqui, é que dá para ser competitivo, ter raça, “morder” o adversário e, mesmo assim, jogar para frente, com domínio de bola e com “fome” de gol.

O Flamengo “joga bonito” pelo simples fato de que busca jogar futebol, sem se preocupar contra quem, onde e como está jogando (já “pagou” por isso, vide resultados contra Goiás, Vasco), esse time do Flamengo quer ganhar, vai atrás de ganhar e faz isso sem chutões, chuveirinhos na área ou as tais “ligações diretas” como sempre foi o bom e velho futebol brasileiro.

O Flamengo de hoje comete a “heresia” de se defender, atacando!!!

E isso está “contaminando” positivamente outras torcidas, o sujeito não se contenta mais em apenas ver seu time jogar, ele deseja que seu time jogue um futebol ofensivo, com jogadas treinadas, com movimentação, intensidade e velocidade. E isso se reflete em algumas movimentações do mercado entre os grandes clubes brasileiros:

O Corinthians abriu mão de uma proposta de futebol com mais de 10 anos e com alguns dos títulos mais importantes de sua história, por pressão de sua torcida que já não aguentava mais aquele jogo pragmático, chato, mas que em vários momentos se mostrou eficaz. O Internacional também está disposto a dar essa guinada ofensiva, muito em função dos recentes sucessos de seu principal adversário, o Grêmio, que nestes últimos 3 anos tem sido o “Senhor dos Pampas”, com seu toque de bola, com sua ofensividade.

Jorge Jesus não é um “milagreiro” é apenas um excelente treinador que, simplesmente, implementou no Flamengo algo que está no DNA do nosso futebol, mas que os nossos principais treinadores têm medo de colocar em prática (com receio de perderem seus empregos, como se não perdessem do mesmo jeito). Claro que isso não se faz sozinho, é necessário ter infraestrutura, responsabilidade com a gestão do clube e, acima de tudo, tratar o futebol de forma profissional e isso a atual diretoria do Flamengo está fazendo.

Mas tudo isso só pode dar frutos concretos se vierem os títulos (nenhum trabalho no futebol brasileiro será reconhecido sem títulos). Vencer o River Plate na final não será tarefa fácil, mas também não era fácil passar pelo Grêmio na semifinal. Recuperar a hegemonia no continente é um passo fundamental para que esse Flamengo seja um influenciador de outras equipes (vejo movimentação de alguns grandes do futebol brasileiro nesse sentido, mas repito, sem títulos, essa mudança pode não acontecer).

No próximo dia 23 de novembro estarei torcendo e muito pelo título do Flamengo, não por ser flamenguista (coisa que não sou), mas por querer o bem do nosso futebol e espero, sinceramente, que se esse título vier, que sirva para que nós, torcedores de outros times, não nos contentemos em apenas “saber sofrer” e sim em ver nossos times voltarem a jogar futebol.


quarta-feira, 3 de abril de 2019

Parlamentarismo x Presidencialismo, SOMOS o que?

Nas últimas semanas, em decorrência de uma discussão de anos, um grupo de amigos resolveu criar uma plataforma para discussão e defesa do Parlamentarismo no Brasil, como alternativa para melhorar a política brasileira e consequentemente melhorar as condições de vida do cidadão brasileiro.
Por isso foi criado o Movimento SOMOS Parlamentaristas que agrega, além de amigos, profissionais destacados em diversas áreas e que carregam em sua bagagem intelectual, mais de 30 anos de militância política. SOMOS é um grupo formado por advogados, empresários, funcionários públicos, professores, todos com um objetivo em comum: A implantação do Parlamentarismo no Brasil.
Apesar de ser um debate que envolve vários nomes conhecidos da política nacional, cerca de 60% dos brasileiros ainda não fazem ideia do que é o parlamentarismo.  Alguns "especialistas" (ahhh como esse País está cheio deles) afirmam que esse não é o melhor momento para uma mudança. Segundo eles,  antes de qualquer alteração no modo como se governa no país, mudanças no sistema político e eleitoral deveriam ser feitas. Ao me ver, uma das mais importantes mudanças esta, justamente, no sistema de governo. Não podemos mais arcar com as intempéries de um Presidencialismo de conchavos e de barganhas nada "Republicanas".
Mas, afinal, o que é o sistema Parlamentarista e quais são as suas vantagens para o país em detrimento ao Presidencialismo? Vou tentar mostrar isso de uma forma bem direta e clara, para que os amigos leitores possam acompanhar e caso venham a simpatizar com a ideia, que passem a defender essa bandeira conosco.
No modelo atual, o chefe do Poder Executivo é o Presidente da República, que é eleito democraticamente para um mandato de quatro anos com possibilidade de uma reeleição consecutiva. Esse Presidente responde pela chefia tanto do Estado, quanto do Governo
Como chefe de Estado, o presidente tem o poder de rejeitar ou sancionar leis aprovadas pelo Congresso Nacional, escolher os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), manter relações diplomáticas com países estrangeiros, nomear seu gabinete de Ministros e apresentar um plano de governo com programas prioritários. Um detalhe muito importante, como o Presidencialismo foca na questão pessoal do candidato a Presidência, é possível que este candidato ganhe a eleição sem ter a maioria no Congresso, o que durante o seu período de governo, será extremante nocivo para o País.
Para concorrer ao cargo de presidente é necessário ser brasileiro nato, ter a idade mínima de 35 anos e ser filiado a um partido político. Ele só pode ser retirado do posto se for condenado pelo STF por crime de responsabilidade, como nos impeachments de Fernando Collor e Dilma Rousseff, ou se for cassado pela Justiça Eleitoral por algum crime eleitoral.
E vamos falar novamente sobre uma não maioria no Congresso. Quando esse Presidente deixa de ter apoio no Congresso,  a governabilidade fica totalmente comprometida. Afinal, para implementar políticas públicas e cumprir a agenda de sua gestão ele precisa da aprovação dos parlamentares. Essa "queda de braço" que acontece quando o Presidente não tem maioria, acaba gerando um processo de "toma lá dá cá" extremamente criminoso para a sociedade (vide os históricos antigos e recentes)
Como bem explana o professor Fernando Schuler, cientista político do Insper.“Nesse sistema, o custo da governabilidade é muito alto e a gestão presidencial fica refém de negociar exigências dos partidos para obter vantagens”, 
Além disso, segundo Schuler, não há nenhum mecanismo para destituir o chefe de Governo em casos de crime de responsabilidade. “A solução via impeachment pode durar meses é altamente traumática para um país”, afirma Schuler. Já no Parlamentarismo haveria muito mais flexibilidade para lidar com esse tipo de situação, além de uma possível substituição do chefe de Governo, caso suas propostas não tenham ressonância com os anseios da sociedade.
No sistema Parlamentarista, o chefe do Poder Executivo não é eleito por voto direto (talvez ai esteja a grande dificuldade de aceitação do parlamentarismo no Brasil). Os integrantes do Parlamento formam uma lista com os candidatos à eleição e o nome mais votado por todos se torna o primeiro-ministro. Com isso, as decisões políticas deixam de ser centralizadas apenas em uma pessoa e passam a ser trabalhadas junto ao Congresso nacional para governar o país. Para ser chefe de Governo, o escolhido como Chanceler (Primeiro Ministro) terá que, necessariamente, ter o apoio da maioria do Congresso para governar.
Uma das principais diferenças entre os modelos é o chamado voto de desconfiança (ou moção de censura), que somente existe no Parlamentarismo.
Na hipótese de que o governo não esteja atuando dentro das normas institucionais, os parlamentares têm o poder de dar um voto de desconfiança ao governante se concluírem que não há mais legitimidade para ele continuar no posto, diante disso, cabe ao mandatário pedir renúncia ou dissolver o parlamento e convocar novas eleições gerais para a formação de um novo governo. Isso garante à sociedade o poder de continuar definindo os rumos do país, sem precisar esperar que um mandato seja concluído (mesmo que sem o apoio popular ou parlamentar), jamais podemos esquecer que o Parlamento é a maior instância de poder popular em uma democracia.
Eu considero como principal vantagem do sistema parlamentarista, o fato de permitir uma solução mais rápida e menos dolorosa politicamente em situações de crise. Pois quando há um período de crise política, o parlamentarismo permite acionar o voto de censura para fazer a troca de governo sem grandes problemas para a sociedade e para o País. Nunca podemos esquecer que em um período muito curto (cerca de 25 anos) tivemos dois processos de impedimento que levaram a queda de dois presidentes.
Além disso, por ter mecanismos de controle muito mais ágeis e eficazes, o risco de envolvimento com corrupção é menor, já que a permanência do chefe de Governo depende do apoio dos parlamentares. Quero deixar claro que não estou afirmando que não exista corrupção no Parlamentarismo, apenas afirmo que essa corrupção se torna muito mais controlada. Como o primeiro-ministro trabalha junto com o parlamento, a comunicação do executivo com o legislativo também funciona melhor e é mais transparente. Além disso, há uma certa facilidade na aprovação de leis e de projetos do Governo, tornando a relação entre os poderes menos promiscua.
O objetivo deste texto é o de fomentar na cabeça dos leitores a ideia do Parlamentarismo, divulgar a Plataforma SOMOS Parlamentaristas (www.parlamentaristas.org), sei da possibilidade de que o debate sobre o parlamentarismo avance. E o primeiro passo seria diminuir o número de partidos, para evitar a infidelidade partidária, e conscientizar a população sobre o poder dos deputados e senadores nesse novo sistema.
Que comecem os debates!!!

quarta-feira, 20 de março de 2019

Parlamentarismo, que coisa é essa???

Tenho um grupo de amigos de muitos anos e com uma formação política das mais variadas possível, que começou a discutir novamente sobre o Parlamentarismo...mas afinal de contas, caro leitor deste Blog, o que vem a ser esse tal de Parlamentarismo??? Em função disso, resolvi escrever este pequeno texto, buscando alimentar didaticamente o tema.

O Parlamentarismo é um sistema de governo onde o Parlamento (poder legislativo) fornece a sustentação política para o poder executivo. Dessa forma, o poder executivo necessita do poder do parlamento para ser formado e também para governar. No parlamentarismo, o poder executivo é, geralmente, exercido por um primeiro-ministro que se elege através da escolha majoritária de seu partido por parte da população.

Mas...qual a vantagem do sistema Parlamentarista sobre o Presidencialista??? A resposta é que: O Parlamentarismo é mais flexível no enfrentamento de crises, por exemplo, em caso de crise política (seja por corrupção, desgaste político, enfraquecimento das políticas, etc), o primeiro-ministro pode ser trocado com rapidez e o parlamento pode ser dissolvido. No caso do presidencialismo, o presidente cumpre seu mandato até o fim, mesmo havendo crises políticas...ou pode ser afastado do cargo através do Impeachment, que é um processo político legal, porém extremante desgastante para o País. O Brasil viveu essa situação duas vezes em menos de 30 anos e isso foi muito ruim para a nossa estabilidade política/econômica.

Como o Parlamentarismo funciona? Pois bem, o Parlamentarismo pode se apresentar de duas formas:

1 - Na República Parlamentarista, o chefe de Estado é o Presidente normalmente não tem poderes executivos reais. O Presidente da República pode ser eleito pelo povo e nomeado pelo Parlamento, por tempo determinado. Há também vários países em que o presidente é eleito pelo próprio Parlamento. Quem governa de fato (com poderes executivos) é chefe de governo, ou seja, o primeiro-ministro.

2 - Na Monarquia Parlamentarista, o chefe de estado é o monarca, que assume de forma hereditária, não possuindo poderes executivos. O chefe de governo (que governa de fato) é um primeiro-ministro, , que é escolhido pelo Parlamento.

Em ambos os casos, os parlamentares, representantes do poder legislativo, são escolhidos pelo povo através de eleições diretas.

Sei que o texto é  muito simples e alguns dirão que é superficial demais, mas a minha intenção é justamente tirar a discussão apenas do meio político/acadêmico e trazer para um entendimento maior por parte da sociedade. O Brasil República teve apenas uma experiência Parlamentarista, que por sinal, foi usada apenas como uma alternativa ante a pressão dos militares após a renúncia de Jânio Quadros, para que o vice João Goulart não assumisse a presidência.

Essa experiência criou uma sensação de que o sistema Parlamentarista não tem a "Cara do Brasil" e isso ficou muito claro no plebiscito que legitimou a Republica em 1993. Nenhum dos grandes partidos da época (com exceção do PSDB), fez campanha aberta ao Parlamentarismo, pois o intuito desses partidos era de tomar o Poder e não de melhoria do sistema.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Divagando sobre relacionamentos...


Este ilustre blogueiro resolveu voltar às atividades (sei lá por qual vez), após alguns meses de turbulências e reestruturação pessoal. E quero voltar falando de um tema um pouco mais intimista do que habitualmente escrevo, falar de relacionamentos.

Muitos relacionamentos acabam fracassando pela cobrança excessiva. Buscamos transferir para o outro aquilo que sempre idealizamos como "perfeição". Queremos que o outro seja uma cópia exata dos nossos anseios e desejos, puro egoísmo, e aí fechamos os olhos sobre os sentimentos e características do outro, não enxergamos a diferença, e aquilo que foge aos nossos padrões.

Meu caro amigo leitor, lamento te dizer, mas você não encontrará ninguém perfeito, e se você desistir de seu relacionamento por causa das diferenças, aí é bem provável que ao se relacionar novamente, você encontrará novos problemas. Se é que existe, o segredo de um relacionamento saudável é não exigir que o outro mude, é se adaptar as diferenças e aprender a lidar com isso. Levando como maior peso, as características que fizeram você se aproximar do parceiro (a).

Ora bolas, qual o problema se você gosta de Fruki gelado e ela de Suco de Limão? Se você gosta de assistir um filme de suspense e ela de comédia romântica? Qual o problema se ele é daqueles caras que falam eu te amo todo dia? Ou que manda flores para você no seu trabalho? E se o modo dele te amar é passando a maior parte do tempo dele com você? E se a forma dele demonstrar que te ama é cuidar de você, mesmo você não precisando ser "cuidada", pois sempre soube se cuidar muito bem?

Infelizmente às vezes sufocamos um relacionamento com tantas cobranças, deixamos de valorizar o modo como o outro nos ama, queremos que alguém nos ame exatamente como amamos. Esquecemos que o amor não é uma teoria singular, não tem uma definição única. Amor é algo particular, cada um ama de um jeito e exterioriza o que sente de forma diferente. E aí, nosso egoísmo enquanto humanos, acaba não permitindo que a gente consiga aproveitar a maravilha que é, conviver com o outro, aprender com o outro.

A gente precisa aprender a linguagem do amor, mas não a do "nosso" amor, mas do amor do outro, entender como o parceiro ou a parceira nos ama, qual a sua maneira de amar. E, quando a gente entende isso, o amor se torna mais leve, se torna mais bonito porque descobrimos o novo. E então, às vezes assim sem querer, melhoramos muita coisa em prol do outro não porque ele ou ela nos pede incessantemente, mas porque queremos.

É fácil? Com certeza não, mas o amor é um aprendizado constante, é uma escolha diária. O amor é simplicidade. Relacionamento baseado em cobranças acaba se desgastando e o amor perde sua finalidade. Precisamos saber reconhecer o novo (e temos dificuldade de aceitar isso) valorizar a pessoa com quem nos relacionamos, saber lidar com as diferenças exige maturidade. E isso passa pela nossa capacidade de compreender o outro, valorizar o outro, "ceder", muitas vezes, é uma forma inteligente de "avançar"

Em suma, queridos amigos, não é o amor que sustenta um relacionamento, é o modo de se relacionar que sustenta o amor

Uma vez Flamengo...por que não os outros

Entramos em uma semana importantíssima para o futuro do futebol brasileiro. E não falo apenas por ser mais uma decisão de Libertadores (...