Entramos em uma semana importantíssima
para o futuro do futebol brasileiro. E não falo apenas por ser mais uma decisão
de Libertadores (o Brasil, felizmente, aprendeu a dar importância para esse
torneio) e nem somente pela iminência de terminar matematicamente (porque na
prática já terminou faz tempo) o campeonato brasileiro, falo dessa semana como
uma possibilidade de divisor de águas no marasmo em que se tornou o futebol brasileiro
nos últimos 20 anos.
O Flamengo chega a este
final de semana com a possibilidade de ser campeão da Libertadores (tem 50% de
chances disso) e também, podendo ser campeão brasileiro (basta o Palmeiras não
ganhar do Grêmio, probabilidade de 60% na minha opinião). Mas o que isso tem de
importância para o futebol brasileiro, além, obvio, da felicidade da imensa
nação rubro negra?
O Flamengo pode
conquistar esses títulos de uma maneira que há muito não se via pelas bandas daqui…o
Flamengo pode ganhar os dois torneios jogando futebol!!! Parece absurdo dizer
isso, afinal, em tese, estamos falando de torneios deste esporte, mas o que o
Flamengo está mostrando para o Brasil e para aqueles que trabalham com futebol
por aqui, é que dá para ser competitivo, ter raça, “morder” o adversário e,
mesmo assim, jogar para frente, com domínio de bola e com “fome” de gol.
O Flamengo “joga bonito”
pelo simples fato de que busca jogar futebol, sem se preocupar contra quem,
onde e como está jogando (já “pagou” por isso, vide resultados contra Goiás,
Vasco), esse time do Flamengo quer ganhar, vai atrás de ganhar e faz isso sem
chutões, chuveirinhos na área ou as tais “ligações diretas” como sempre foi o
bom e velho futebol brasileiro.
O Flamengo de hoje comete
a “heresia” de se defender, atacando!!!
E isso está “contaminando”
positivamente outras torcidas, o sujeito não se contenta mais em apenas ver seu
time jogar, ele deseja que seu time jogue um futebol ofensivo, com jogadas
treinadas, com movimentação, intensidade e velocidade. E isso se reflete em
algumas movimentações do mercado entre os grandes clubes brasileiros:
O Corinthians abriu mão
de uma proposta de futebol com mais de 10 anos e com alguns dos títulos mais
importantes de sua história, por pressão de sua torcida que já não aguentava
mais aquele jogo pragmático, chato, mas que em vários momentos se mostrou
eficaz. O Internacional também está disposto a dar essa guinada ofensiva, muito
em função dos recentes sucessos de seu principal adversário, o Grêmio, que nestes
últimos 3 anos tem sido o “Senhor dos Pampas”, com seu toque de bola, com sua
ofensividade.
Jorge Jesus não é um “milagreiro”
é apenas um excelente treinador que, simplesmente, implementou no Flamengo algo
que está no DNA do nosso futebol, mas que os nossos principais treinadores têm
medo de colocar em prática (com receio de perderem seus empregos, como se não
perdessem do mesmo jeito). Claro que isso não se faz sozinho, é necessário ter infraestrutura,
responsabilidade com a gestão do clube e, acima de tudo, tratar o futebol de
forma profissional e isso a atual diretoria do Flamengo está fazendo.
Mas tudo isso só pode dar
frutos concretos se vierem os títulos (nenhum trabalho no futebol brasileiro
será reconhecido sem títulos). Vencer o River Plate na final não será tarefa
fácil, mas também não era fácil passar pelo Grêmio na semifinal. Recuperar a
hegemonia no continente é um passo fundamental para que esse Flamengo seja um
influenciador de outras equipes (vejo movimentação de alguns grandes do futebol
brasileiro nesse sentido, mas repito, sem títulos, essa mudança pode não
acontecer).
No próximo dia 23 de
novembro estarei torcendo e muito pelo título do Flamengo, não por ser flamenguista
(coisa que não sou), mas por querer o bem do nosso futebol e espero,
sinceramente, que se esse título vier, que sirva para que nós, torcedores de
outros times, não nos contentemos em apenas “saber sofrer” e sim em ver nossos
times voltarem a jogar futebol.