Marcado por contradições que deixaram claras as profundas diferenças de práticas e de pensamento existentes internamente, o Partido dos Trabalhadores (PT) realizou no final de semana o seu 4.º Congresso Nacional.
Como vem sendo a tônica desde a eleição de Lula para a Presidência do país, prevaleceu a vontade da cúpula do partido, que manobrou e conseguiu impor a linha que considera a mais adequada para o seu projeto de poder.
As alas petistas mais à esquerda viram cair por terra algumas bandeiras que pretendiam ver em vigor a partir das eleições municipais do próximo ano. Assim é que prevaleceu a tese da possibilidade de realização de coligações com partidos de oposição em 2012, contrariando a vontade de parte da agremiação que defendia o lançamento de candidaturas próprias...
Também no tocante às prévias para a indicação dos candidatos petistas, conforme disposição estatutária, abriu-se uma brecha que permite a dispensa da sua realização; já a consulta aos filiados sobre prováveis nomes está mantida, mas desde que seja da vontade de 2/3 dos membros do diretório...
O PT surgiu a mais de 30 anos como sendo uma proposta diferente de organização partidária, uma idéia que passava pela participação popular, que tinha como alicerces o movimento sindical do ABC de São Paulo, os movimentos camponeses (Principalmente do Rio Grande do Sul) e por setores das comunidades eclesiais de Base da Igreja Católica, essa agremiação já não existe mais, o PT é hoje uma máquina partidária muito bem estruturada, com uma burocracia que domina amplamente o partido e que não permite que os setores mais progressistas, que representam a essência do partido, possam ter espaço para defender suas idéias e sua ideologia...