Na semana que passou, a presidente Dilma
Rousseff, promoveu a instalação oficial da chamada “Comissão da Verdade”, que
foi criada com o objetivo de investigar casos de abuso dos direitos humanos
ocorridos durante o período do Golpe de 64, o objetivo desta comissão não é o de
julgar ninguém e sim de elucidar os casos que ainda estão sem respostas e que o
Estado brasileiro tem o dever de responder para a sua sociedade. A comissão é
polêmica e já causou inúmeras discussões bem antes de sua instalação. Além de
desagradar, e muito, os militares (Principalmente aqueles militares que ainda
estão vivos e que de alguma forma participaram do período da repressão
política).
Para alguns partidários de sua não instalação, a
comissão deve ir além e investigar os casos que foram atribuídos aos militantes
políticos brasileiros, que na época enfrentaram o Regime Militar, seja na
guerrilha urbana ou na guerrilha rural. Ora, me desculpem os críticos, mas a
função da comissão não é a de ser “Juiz” e punir possíveis culpados, muito menos
uma “Caça as Bruxas”, o que o Brasil precisa é esclarecer tudo o que aconteceu
em sua história recente. Os atos cometidos pelos militantes políticos são
claros, todos os que estudam história com um mínimo de conteúdo, sabem tudo o
que foi realizado pelas organizações políticas em seu enfrentamento com os
militares. Fala-se da família de soldados mortos, ora, esses soldados foram
mortos e sabemos as condições em que essas mortes ocorreram, o que não sabemos
é: Onde estão os corpos dos guerrilheiros do Araguaia? Onde está o corpo do
jornalista Rubens Paiva? Como dinheiro público foi empregado para a tortura?
Essas são algumas das inúmeras perguntas que continuam sem resposta, mesmo
depois de mais de 40 anos.
Não se trata de revanchismo, trata-se de passar a
história a limpo, de trazer uma pouco de “verdade” a um País que se “acostumou”
a esconder sua história e seu passado. O Brasil quer ser grande, tem todas as
condições para isso, mas é necessário ser um País verdadeiro, que não coloque
seu passado embaixo do tapete da história. Quero poder olhar para os meus filhos
e netos, sem vergonha de contar como foi a história do País deles. Os que me
conhecem sabem da minha posição contrária ao pagamento de indenizações para
pessoas que, ao se sentirem lesadas pelo Estado em virtude de suas convicções
políticas, solicitaram receber uma pensão por isso. Não concordo com isso, o
Estado não tem que obrigação de indenizar ninguém por suasconvicções políticas,
mas saber do que aconteceu nos porões da ditadura, onde estão os corpos e como
essas pessoas foram barbaramente torturadas e mortas, isso todos nós temos o
direito de saber.
Sei que o tema gerou, gera e vai gerar muito mais
discussão, o trabalho que começa a ser feito pelos membros da comissão deve se
pautar naquilo em que ela de fato se propõe e não cair na tentação histórica de
serem os senhores sobre o bem e o mal. O que queremos e precisamos saber são dos
fatos, seu personagens e como eles ocorreram. Pela lei da Anistia de 1979, todos
os envolvidos em crimes políticos durante a ditadura militar, foram perdoados,
sejam militares ou militantes (Apesar de eu ter a convicção que tortura e
assassinato a sangue frio não são crimes políticos), respeito a lei, o que não
posso tolerar é não saber o que aconteceu com seres humanos que, muitas vezes
sem nenhum motivo, foram torturados e assassinados com o dinheiro público e em
uma política de governo. Isso é intolerável.
Quero terminar minha opinião, rendendo meus
respeitos a atitude da presidente Dilma, ela mostrou muita coragem e muito senso
de responsabilidade política em instaurar a Comissão da Verdade, pois sabemos o
tamanho das pressões que ela sofreu para que isso não fosse adiante, a
presidente deu uma demonstração de que para assumir a gestão de um País, é
preciso mais do que um belo discurso ou truques de propaganda. É necessário ter
muita coragem e respeito pelo País.