sexta-feira, 14 de setembro de 2018

A Esquerda e a Homossexualidade I

Neste texto (que talvez se transforme em mais de um) , eu buscarei mostrar uma série de fatos históricos a respeito da perseguição dos governos socialistas aos homossexuais. Esse assunto me chama a atenção há anos, desde que a esquerda ocidental resolveu "abraçar" a causa LGBT (Já escrevi sobre isso em outros textos que falo sobre a Revolução Cultural de Gramsci).
Sou um defensor severo das liberdades individuais e como tal, tenho ojeriza todas as formas de preconceito e discriminação, o que quero apresentar aqui é baseado em estudos e pesquisas sobre como se deu o tratamento aos homossexuais durante os regimes socialistas no mundo e desmistificar que: "Para ser ativista LGBT, tem que ser de Esquerda"
Começarei relatando algumas situações e casos envolvendo a URSS.
Após ocorrer a revolução russa em 1917, por inciativa dos chamados Kadets (democratas constitucionais) no mês de maio do ano de 1922 foi descriminalizada na Rússia a “sodomia”, ou seja, a homossexualidade masculina. Sendo assim, foi aprovada no Código Penal Soviético a exclusão da lei que punia homossexuais, porém, alguns lugares da União Soviética como Azerbaidjão, Turcomenistão e Uzbequistão, e até mesmo o país não-islâmico Geórgia, continuaram perseguindo os homossexuais, mesmo havendo a exclusão daquela lei.
A homossexualidade foi oficialmente tratada como uma doença em toda a União Soviética ao longo dos anos de 1917 à 1991, isto é, durante 74 anos. Apenas durante 12 anos houve uma pequena “liberdade sexual”. 
No entanto, a publicação do Código Penal que excluía a penalização da homossexualidade não impediu que ela fosse posta em julgamento. 
Depois de 1922, houve pelo menos dois casos em que homossexuais foram julgados. O psiquiatra da URSS Vladimir Bekhterev anunciou que: “a demonstração pública de tais impulsos … é socialmente prejudicial e não pode ser permitida.” (Engelstein, 1995, p. 167).
A posição oficial da medicina soviética e da lei na década de 1920, como refletido no artigo da enciclopédia de Sereisky, foi a de que a "..homossexualidade era uma doença difícil, talvez até impossível, de curar..." 
Em Maio de 1934, foi aprovada no Código Penal Soviético uma nova lei que penalizava novamente a homossexualidade. Durante a ditadura de Joseph Stalin, os homossexuais foram  perseguidos, levados para os Gulags (campos de trabalho forçados...ou campos de extermínio, como é mais condizente com a realidade), sendo submetidos a longas horas de trabalhos forçados em climas de 40 graus negativos
Na União Soviética a homossexualidade também foi tratada como algo “inferior” e como uma “doença”. Os artigos jurídicos de penalização da homossexualidade foram instituídos em todas as Repúblicas Soviéticas durante o governo do ditador Stalin, isto é, na década de 1930. 
No ano de 1986, o professor Nikolai Burgasov, vice-ministro da saúde e médico-chefe de higiene da URSS, declarou em público: “Não temos condições em nosso país propícias à propagação da doença; a homossexualidade é processada por lei como uma grave perversão sexual (Código Penal Artigo 121) e estamos constantemente alertando as pessoas sobre os perigos do abuso de drogas “(Burgasov, 1986, p. 15). 
Nikolai Krylenko, que  chegou ao cargo de ministro da justiça no governo soviético , chegou a dizer o seguinte:
“A homossexualidade é o produto da decadência das classes exploradoras, que não têm nada para fazerem… (…) … em uma sociedade democrática fundada sobre princípios sadios, para tais pessoas não há lugar para esse tipo de conduta.”
Percebam, caros leitores, que a homossexualidade é considerada uma “manifestação da decadência da burguesia” e uma atitude “contra-revolucionária”, portanto, não é compatível com os ideais do Socialismo.
O que Nikolai Krylenko citou, foi escrito no ano de 1952, na "Grande Enciclopédia Soviética"..Não acreditam em mim? Façam o mesmo esforço que fiz para acessar esses arquivos e ler o que consta neles!!! Vou além..reproduzirei um texto extraído desta Biblioteca:
“A origem da homossexualidade é ligada às circunstâncias sociais quotidianas, para a grande maioria das pessoas que se dedicam à homossexualidade, tais perversões se interrompem tão logo a pessoa se encontre em um ambiente social favorável (…) Na sociedade soviética, com os seus costumes sadios, a homossexualidade é vista como uma perversão sexual e é considerada vergonhosa e criminal. A legislação penal soviética considera a homossexualidade punível, com a exceção daqueles casos nos quais a mesma seja manifestação de uma profunda desordem psíquica"
O escritor e ativista político russo Maximo Gorki (autor de um romance clássico para entender a Revolução de 1917, chamado: "A Mãe" que eu sugiro que leiam) declarou em seu artigo "Humanismo Proletário" de 1934, o seguinte: “Na terra onde o proletariado governa com virilidade e sucesso, a homossexualidade, que corrompe a juventude, é considerada um crime social punível pela lei (Uma referência de Gorki à URSS). Ao contrário, na ‘terra fértil’ dos grandes filósofos, intelectuais e músicos (uma referência de Gorki à Alemanha), ela é praticada livremente e com impunidade. Já existe um ditado sarcástico: ‘Exterminem os homossexuais e o fascismo desaparecerá.’ ” 
Além de nesse artigo ele confirmar que a homossexualidade era um “crime social punível pela lei” na União Soviética, Gorki defende a tese de que a Homossexualidade seria uma coisa diretamente ligada ao Fascismo e que não seria uma conduta condizente com a sociedade soviética (interessante quando a gente se dá ao trabalho de estudar História, né?)
O escritor homossexual e ganhador do Prêmio Nobel de literatura no ano de 1947, André Gide, que foi um defensor do comunismo e deixou de acreditar no movimento após descobrir os crimes cometidos pela União Soviética contra os homossexuais. A indignação de Gide era tão grande, que ele relatou isso no seu livro “Retour de l’URSS” um dos maiores instrumentos literários de denuncia sobre os crimes cometidos pelo ditador Joseph Stalin. (por favor, leiam esse livro)
As leis anti-homossexuais somente foram abolidas na Rússia após o fim do regime socialista em 1991. Somente no ano de 1993, no governo de Boris Yeltsin (o primeiro presidente da Rússia pós União Soviética) é que foi abolido o artigo 121 (artigo que penalizava a homossexualidade). 
Mesmo assim, os homossexuais continuam passando por muitas dificuldades na Rússia, e há muito que lutar para que eles sejam totalmente livres. O Art.º 132 é intitulado sobre a homossexualidade: “homossexualidade ou satisfação de paixão sexual em outras formas pervertidas”. A relação entre pessoas do mesmo sexo na Rússia é considerada legal atualmente, mas ainda é vista como uma “doença”, alguém se lembra do que aconteceu durante a última Copa do Mundo???
Fiz um pequeno relato sobre como se tratava a Homossexualidade na União Soviética (não somente no período de Stalin, que fique bem claro), vou seguir adiante em outros textos mostrando como outros países socialista tratavam ou tratam os Homossexuais, mas isso mostrarei em outros textos que estão em fase de produção...(segue)

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