Semana passada, eu escrevi sobre a questão da educação como uma doutrina
de falência do processo de pensar.Muito em função do processo de educação
brasileira ser predominantemente baseada na pedagogia doutrinária de Paulo
Freire, que tem sido uma grande “arma” utilizada pela esquerda brasileira como
parte importante do processo de hegemonia cultural e educacional nos últimos 40
anos. Pois bem, esse texto gerou uma série de opiniões (favoráveis ou não)
sobre a precariedade da educação no País, mas vale mencionar que a educação no
mundo todo está num processo de falência gravíssimo.
Como parte da categoria, eu acredito que os professores são os
profissionais mais importantes da sociedade, mais importantes do que
psiquiatras, juízes de Direito, políticos ou generais. Porque os professores
trabalham o solo da inteligência para que as crianças e os adolescentes não
sejam tratados por psiquiatras, não cometam crimes e sejam julgados por juízes;
que aprendam a escolher melhor os seus representantes e que usem a ferramenta
do diálogo e não façam guerra e sejam comandados por generais. Se assim fosse teríamos mais poetas da vida e não repetidores
de informação, jovens sem capacidade crítica de pensar. Mas, se por um lado os
professores são os profissionais mais importantes da sociedade, por outro lado a educação está falida porque enfileira os alunos em salas de aula, o que é ótimo
para formar soldados para uma guerra, mas péssimo para formar pensadores porque
registra o sistema de hierarquia que bloqueia o pensamento, dificulta a
expressão das ideias, o debate das opiniões e, consequentemente, gera conflitos
como timidez, insegurança e bloqueio da criatividade.
A educação está falida também porque o sistema educacional nos impõe, como bem diz o psiquiatra Augusto Cury, um sistema de ensino “fast food”, que
significa um conhecimento pronto, sem ensinar o básico para a formação do
pensar, que é o ato de duvidar, o desafio das perguntas. Não se questiona as
informações e os conhecimentos que são abordados em sala de aula. Não se
prepara o aluno para utilizar a sua capacidade de pensar para chegar ao mesmo
ponto através das mais diversas possibilidades e não apenas que a “verdade”
oficial, aquela que é imposta pelo “autoritarismo” da pedagogia contemporânea e
seus ideólogos que prezam uma educação “igualitária”, pasteurizada e onde os
alunos são privados de um bem preciosíssimo que é a liberdade de pensar por
conta própria. Isso tem feito com que os professores, alunos e demais atores do
processo educacional estejam estressados, sofrendo daquilo que na Teoria
Multifocal chama de “SPA” (Síndrome do Pensamento Acelerado), que consiste em
pensar de forma desordenada, sem foco e onde o cansaço se torna visível e tira
qualquer estimulo saudável para essas personagens do cenário da educação.
O último lugar que essas pessoas querem estar é a sala de aula, eles são
bombardeados por estímulos não saudáveis, como o consumismo, o coitadismo, a dependência
de ferramentas digitais e uma ansiedade que nunca se viu na história humana. É
necessário que os professores passem por um processo grande de reciclagem nos
métodos de ensino aprendizagem, saiam do lugar comum das teorias que já
demonstraram ser inadequadas ou ineficazes e busquem novas alternativas,
aprendam a criar, construir novas metodologias e práticas pedagógicas. O
professor não pode enxergar as ferramentas digitais como “inimigas” do processo
de ensino e sim utiliza-las como ferramentas aliadas em suas aulas. Sempre me
questionei: Por que os alunos ainda ficam sentados enfileirados como se
estivessem em um quartel? Por que não se utiliza a música como aliada na
aprendizagem? (não somente como uma disciplina transversal, mas como ferramenta
para o fortalecimento do lado cognitivo do aluno), coisas que sei que muitos
colegas estão buscando trabalhar, mas que encontram resistências daqueles que
ainda entendem que educação é algo elitizado e quando muito, uma benesse do
estado.
Ainda não trabalhamos no Brasil, agora voltando para a terrinha, a
educação emocional nas nossas escolas da forma como deveríamos trabalhar (nada
dessa coisa de “ética”, “valores”, boas maneiras, etc, tudo isso deve ser uma
consequência natural do relacionamento saudável), Vejo muitos colegas
educadores com resistências em trabalhar o lado emocional de professores, alunos
e famílias pois alegam que isso não tem sustentação acadêmica, que é coisa de
manual de “auto ajuda”. Ora, a educação passa por um processo de “doença
emocional” muito grave, professores estão em seu limite, com um excesso de
cobranças, de metas absurdas a serem cumpridas, os alunos estão cada vez mais
desinteressados em aprender na escola, preferem as informações que estão
disponíveis no mundo virtual. Vamos parar com esse sectarismo da educação
brasileira, Paulo Freire está longe de ser Deus, aliás, sua teoria está longe
de ser eficaz, é necessário que se rompa com essa visão unifocal da educação,
precisamos nos despir de dogmas e preconceitos e partir para enxergar a
educação de uma maneira multifocal, de seus diversos ângulos e vertentes.
Eu faço a minha parte, escrevo, trabalho e defendo a visão multifocal em
diversas atividades e principalmente na educação, tem alguns anos que me “libertei”
da “monogamia do oprimido” e enxergo a educação de uma forma bem mais ampla,
bem mais complexa também, mas sempre como uma válvula de libertação do pensar e
do agir, sem essa liberdade de pensamento fica impossível se trabalhar uma
educação de qualidade.
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