quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

"Liberal-Conservador"? Nem a pau, Juvenal...

De uns anos para cá, venho estudando uma séries de coisas (uma série mesmo) e cada vez mais me considero um Conservador, calma, não é nenhuma ofensa.. Conservador é aquele ser humano que é defensor do modelo da civilização ocidental (moral cristã, filosofia grega e direito romano) e de um mercado regido por esses itens. Em razão disso, eu não me considero "refém" de ter que me intitular de um "liberal-conservador", do tipo que é ‘liberal na economia e conservador nos costumes’, independente de que seja cristão, budista, ateu, etc., só por medo de parecer um esquisitão controlador, intervencionista, que flerta com o socialismo, ou um saudosista da ditadura militar…

Mas por que eu estou escrevendo isso? Porque nós, os conservadores, sempre fomos defensores de uma economia descentralizada/livre em detrimento de uma economia centralizada/planificada. 

Até mesmo os católicos mais familiarizados com a Doutrina Social da Igreja e que possuem um pingo de sanidade mental  ou vergonha na cara, preferem um modelo econômico mais parecido com o modelo americano do que com o cubano; preferem o modelo econômico do Vaticano ao modelo da Venezuela, nós católicos sabemos que o grau de influência do Estado em questões como a assistência aos mais pobres vai variar de acordo com o tipo de governo instalado no país em que vivem, mas também sabem que o ato da caridade também é um dever moral de todos os indivíduos que vivem nesta sociedade.

"Os conservadores conservam aquilo que resistiu aos testes do tempo" (Edmund Burke)

Partindo desse principio de Burke, é possível constatar que o modelo econômico que sobreviveu aos testes do tempo é justamente o modelo econômico que privilegia as trocas voluntárias regradas por uma cultura moralmente consolidada e elevada. Esse modelo resistiu em detrimento de um modelo econômico em que o Estado proíbe totalmente o comércio (comunismo) e um modelo econômico de trocas imorais, dissociadas de qualquer estrutura culturalmente elevada (liberalismo). Este último nunca existiu de tão utópico que é!

 Francisco de Vitoria, Domingo de Soto, Francisco Suárez e Tomás de Mercado, da Escola de Salamanca,  já alertavam sobre a importância do mercado estar atrelado aos valores morais, e olha que isso foi bem antes de Adam Smith existir! O que  os liberais fizeram a seguir foi remover essa necessidade essencial entre mercado e moralidade e a coisa foi piorando com o passar do tempo. Ai a Igreja, então, começou a desenvolver a sua Doutrina Social, que não pode ser chamada de terceira via, mas que traz certa luz ao problema, embora muitos religiosos, economistas e filósofos (como Olavo de Carvalho) ainda se envolvam em discussões sobre o status quæstionis do tema.

Para quem desconhece a questão, a Escola de Salamanca (composta por monges católicos jesuítas) já sabia da eficácia do mercado décadas antes do surgimento dos liberais e de sua cria: os libertários. Por óbvia questão cronológica, a Escola de Salamanca é anterior à Escola Austríaca, à Escola de Chicago e aos Libertários adeptos dos delírios de Rothbard. É possível chegar ao ponto de dizer que,  católico que adere à ideologia liberal, acaba incorrendo em uma verdadeira "Heresia". Só para se ter uma ideia da coisa, os monges jesuítas da Escola de Salamanca fizeram observações acertadas sobre a questão da "Teoria do Valor" já em 1555. (“O valor de uma coisa não depende da sua natureza objetiva, mas antes da estimação subjetiva dos homens, mesmo que tal estimação seja insensata”. Bispo Diego de Covarrubias, in "Veterum collatio numismatum", de 1555).

Não caiam nessa pressão de grupos liberais de que nós, Conservadores,  precisamos assumir que somos liberais na economia a todo momento, porque um sujeito que é liberal na economia é um sujeito que também é um liberal social e cultural, ou seja, a favor do comércio de drogas, de armas químicas, de explosivos, de órgãos humanos, de pessoas e até mesmo de bebês (em casos extremos de insanidade mental do Liberal). Não preciso dizer que um Conservador sabe que esse tipo de comércio prejudica a sociedade e que um Conservador é cético e prudente quanto a isso, certo?





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