terça-feira, 3 de julho de 2018

Assim eu vi o Jogo

Jogo de Copa do Mundo não é fácil. Mas o Brasil mostrava sinais que poderia ter um domínio bem amplo e com certa facilidade, como contra a Sérvia. Não foi isso que aconteceu. O México iniciou o jogo como uma tática meio "louca" de seu treinador. Pareceu que estudou muito bem o Brasil e, por 25 minutos, fez o favoritismo  verde amarelo desaparecer.  Até 3 brasileiros literalmente virarem o jogo. Willian fez seu melhor jogo pela seleção no segundo tempo, Neymar jogou bola e, jogando bola, ninguém é melhor do que ele nesta Copa e Tite mudou o time para equilibrar e superar a armadilha do rival.

O professor Osório foi ousado, chegando as raias da "insanidade tática". A escalação com Rafa Marquéz sugeria uma linha com 5 defensores, mas o que se viu foi o México montado num 4-3-3 que avançava suas linhas e procurava marcar bem alto. 

O trio de atacantes se posicionava nas costas de Paulinho e Casemiro. De frente para a defesa do Brasil, procuravam incomodar ao máximo a chamada "saída sustentada", um mecanismo que foi bem contra a Sérvia e que é uma das marcas registradas do time de "Seu" Adenor.

Um dos entraves que Osório fez foi afastar Coutinho da ligação entre defesa e ataque. O camisa 11 ficou afastado e demorava para fazer as triangulações. Sem Marcelo, o lado que era forte ficou fraco. Apenas Neymar recuava, e a marcação mexicana fechava o cerco sobre ele. Chegou a ter 3 mexicanos contra Neymar, isolado, que era obrigado a recuar. Mas se ele recuou, é porque a bola não chegava com qualidade no ataque.

Era preciso preciso fazer algo quanto a esse cenário apresentado pelo México, e Tite interveio. 

Aos 25 minutos de jogo, a orientação do treinador foi puxar Paulinho para trás e deixar Neymar solto na frente. Na prática, Tite alterou o esquema de jogo do time e passou a optar por  um 4-4-2. A ideia era proteger mais a defesa com Paulinho, mais combativo e forte fisicamente que Paulinho, e afastar o camisa 10 da marcação de Guardado. Junto a Jesus, ele poderia ficar mais perto do gol, e Coutinho não comprometeria tanto se ficasse pelo lado esquerdo.

O jogo ficou equilibrado. Osório demorou a perceber a mudança realizada por Tite, e o lateral continuava a "encaixar" em Neymar assim que ele pegava na bola. O lado direito virava um grande corredor que Coutinho soube, aos poucos, aproveitar. Paulinho fez jogo tático, mas fundamental. Mais centralizado, protegeu bem a defesa e não deixou mais os pontas mandarem no jogo. Com Gabriel Jesus segurando a bola, no chamado pivô, ele teve tempo para infiltrar na área. O Brasil terminou o primeiro tempo com mais chutes a gol e 50% de posse de bola para ambas as equipes. E o México sem levar nenhum perigo ao gol defendido por Allison. 

Veio a segunda etapa e Osório surpreendeu mais uma vez e colocou Layún no lugar de Rafa Marquez. Aberto pela direita, ele teria a missão de ajudar no cerco a Neymar. A mudança se provou um erro terrível do Professor A mudança deu mais espaços para Neymar flutuar pelo campo e sair bastante da esquerda. Mas foi outro jogador que teve um destaque ainda maior. Talvez o mais criticado dessa Copa, Willian foi fundamental não apenas na construção do gol, mas em boa parte do excelente segundo tempo que o Brasil fez.

Além de jogar muito mais, Willian saiu da posição sempre aberta na direita. Passou a flutuar mais por dentro, procurar a bola de Paulinho e Casemiro pelo centro do campo. Nesse movimento, ele não apenas confundiu a defesa do México, mas também dava espaços para Fagner vir por fora e apoiar e até Paulinho, que gosta de aparecer no setor. O gol saiu justamente assim, com Willian vindo buscar uma bola da defesa por dentro, trocando com Paulinho. Toca, levanta a cabeça e vê Neymar aberto. Aí vem a importância da flutuação em campo (marca registrada dessa Seleção treinada por Tite). 

Estar sempre em movimento, uma forma de enganar o adversário e também se apresentar ao gol. Willian tocou para Neymar, que passou por dentro e devolveu. Quando Willian chegou dentro da área, viu pelo menos 3 brasileiros em condições de marcar o Gol. Não basta apenas se movimentar, é preciso estar nos lugares certos e com a intenção de fazer o gol. Jesus, Paulinho e Neymar estavam dentro da área, e até Filipe Luís, o lateral esquerdo, se apresentou com um claro objetivo: só empurrar para a rede.
A abertura do placar no inicio do segundo tempo foi a chave para o Brasil "colocar o jogo no bolso". A consistência defensiva é tão importante quanto o ataque. Com a mudança do esquema para o 4-4-2 com Paulinho e Casemiro próximos, a Brasil trancou o jogo do México, teve menos a bola no segundo tempo é verdade, mas o objetivo era contra-atacar. Fernandinho, possível substituto do amarelado Casemiro contra a Bélgica, e Firmino, entraram no jogo. 

Novo fôlego para lidar com os espaços que começaram a aparecer (fazendo do excelente goleiro Ochôa, o melhor jogador mexicano). E também nas partidas excelentes e seguras de Thiago Silva e Miranda. Uma zaga que transmite segurança em rebatidas e roubadas de bola com um timing certeiro e quase insuperável nessa Copa do Mundo. 

O segundo gol veio em roubada de bola fundamental de Fernandinho, novo lance certeiro de Neymar e Firmino ocupando a área. Tite sempre fala em "plano b" e "plano c". As dificuldades nesta Copa fizeram o técnico lançar mão de vários recursos. Contra a Costa Rica, por exemplo, ele resgatou uma ideia de Guardiola chamada "ataque posicional" (abrir o jogo utilizando as extremas) para romper a difícil defesa com 5 zagueiros. Contra o México, foi a vez de um novo sistema, o 4-4-2, explorar de forma diferente os talentos brasileiros. E por Copa a dentro, "Seu" Adenor vai experimentado a sensação de ser um dos protagonistas desta Copa do Mundo.

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