domingo, 26 de setembro de 2010

Ideologia...quero uma para viver!!!

Quando Cazuza bradou seu grito de protesto musical de resgate de uma ideologia, no final dos anos 80, mesmo que indiretamente, ele retratava um cenário político e ideológico que temos flagrante em nosso País nos dias de hoje...


Nossos principais partidos se encontram em uma grave crise ideológica, sem ter um parâmetro de atual condizente com seu perfil ideológico ou aquele perfil que julga ter, pois no momento em que colocam em prática suas ações, distorcem suas idéias, seus programas e seus próprios princípios...

Analisemos o partido que está no poder, o PT, em sua construção, o Partido dos Trabalhadores, era recheado de tendências socialistas, tanto de perfil marxista-leninista, quanto de perfil trotisktas, teve seu braço no movimento das Eclesiais de base ligadas a Igreja Católica e os movimentos populares do campo, tanto é que, em sua engenharia política, o PT se permitiu fragmentar em tendências internas coisa incomum na história política do País e que em certos momentos, algumas tendências se tornaram tão fortes e poderosas que conseguiram ser maior que o próprio partido. Com a subida ao poder em 2002, o PT teve que definir uma linha de atuação e também uma linha ideológica mais ligada aos sociais democratas, porém essa linha chocava-se com uma boa quantidade de suas bases de atuação, de sua militância.

Considero o PT hoje um partido de centro-esquerda, com uma linha ideológica social democrata, mas com uma prática muito confusa no campo social e econômico, chegando as raias de práticas populistas e de alianças com setores dos mais conservadores da política do País.

O PSDB, principal antagonista político do PT no atual cenário político nacional e que em sua própria sigla traz o nome “Social Democrata” e que foi construído a partir de intelectuais e políticos insatisfeitos com os rumos que o PMDB (Seu partido de origem) começava a tomar na Constituinte de 1988, apresenta uma enorme contradição em sua prática e sua construção ideológica.

Seu candidato a presidência e, portanto sua principal “voz política” mostra um discurso de conteúdo extremamente social democrata no que diz respeito ao campo social e até mesmo em aspectos de sua política econômica, porém, quando analisamos a prática do PSDB em seus governos, vemos ali claros sinais da Democracia Cristã Alemã e dentro do próprio partido, encontramos quadros importantes do partido que são de fato, democratas cristãos e não sociais democratas...

O DEM, antigo PFL, com a sua tentativa de mudar de “cara” e adotar nova sigla, largou de vez o que ainda havia de Liberalismo Inglês em sua constituição teórica e pratica. O DEM de hoje é um partido em grave crise de identidade que não sabe se retorna ao Liberalismo, se volta suas atenções para uma tendência Democrata Cristã ou se vai cair na vala comum dos partidos fisiológicos, alias, motivo esse de sua tentativa de mudar de sigla. De todos os grandes partidos brasileiros, o DEM é o que apresenta mais crise ideológica....

Chegamos ao PMDB e seu “Frankenstein Ideológico”, aquele que já foi o maior partido do ocidente, hoje não é nem sombra daquele partido que já chegou a apresentar a mais forte linha de prática política da América Latina. O PMDB de hoje existe através das conveniências políticas de suas lideranças regionais, essas próprias lideranças se tornaram políticos coronelistas e populistas, mesmo aqueles que têm em sua origem, os movimentos populares. Qual PMDB é hegemônico? O Democrata Cristão de tendência italiana de Pedro Simon? O populista de esquerda de Roberto Requião? Os pragmatismos e fisiologismos de Michel Temer, Romero Jucá, Geddel e Jader Barbalho? Ou Coronelismo conservador de José Sarney? Isso nem o próprio PMDB consegue definir, o certo é que, o PMDB se transformou em uma grande colcha de retalho ideológico!

Os Trabalhistas Ingleses, aqui no Brasil, representados pelo PDT e por setores do PTB, encontram-se cada vez mais atrelados aos grandes partidos, pois não conseguem colocar em prática suas concepções ideológicas devido ao seu atrelamento político aos partidos hegemônicos que governam o País. O Trabalhismo Inglês tem um histórico voltado aos trabalhadores das Minas de Carvão na Inglaterra e sempre se opuseram ferozmente ao Conservadorismo da Coroa. Aqui no Brasil, esses trabalhistas nada mais são do que a própria personificação desse Conservadorismo....

Os partidos menores, ligados a esquerda tradicional, tipo PCdoB, PCB, PSTU, PSOL, PCO que apresentam linhas ideológicas marxistas leninistas, tanto de cunho Stalinista, quanto de cunho Trotisktas, nada mais são do que apêndices de sindicatos e que utilizam de seus tempos de TV e Rádio para apenas aparelhar algumas entidades dos movimentos populares, como esses partidos se colocam em guetos ideológicos, isolados mais ainda com a decadência dos regimes ligados a antiga URSS.

Sobram dois partidos que querem crescer, mas que ainda não apresentam um cunho ideológico consistente, que são o PPS e o PV...

O PPS apresenta uma linha social democrata, com forte influencia em preceitos teóricos de Weber e até Gramsci, mas como sua experiência prática ainda se restringe ao parlamento, se torna muito insipiente uma analise mais profunda de que rumo ideológico o partido irá tomar. O PPS, como fruto de uma cisão com o antigo PCB, é um partido que começa a ter seu perfil ideológico sendo construído nas experiências políticas que o partido vem participando, veremos no que vai dar!

O PV, criado a partir da experiência dos Verdes alemães, vem com um perfil ideológico ligado a sustentabilidade do Planeta, sem ter ainda um caráter mais profundo das ideologias tradicionais, apresenta um viés novo, uma nova forma de pensar ideologicamente. Corre um risco de se tornar um partido de uma “Bandeira” só, mas isso, somente o crescimento do partido irá poder mostrar...

Esses pensamentos são superficiais e servem apenas para despertar a importância de se pensar ideologicamente o que queremos para o País, e o que mostram as eleições no Brasil, estamos infelizmente muito longe disso, votamos em pessoas, não em partidos ou ideologias, e acabamos incorrendo em erros graves, criando “Mitos” de papel e “Salvadores da Pátria”!!!

Um comentário:

Rê disse...

Muito interessante o texto !

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