Em todas as minhas palestras e aulas, sempre há alguém que invariavelmente me pede para apresentar soluções para todas as aflições econômicas e sociais do mundo, ou seja, como se com um passe de mágica, eu tivesse as soluções necessárias para a evolução humana.
Inicialmente, eu simplesmente respondia que minhas pretensões não chegavam a tanto. Eu mal consigo resolver os meus problemas, quanto mais ter a pretensão de resolver as agruras da humanidade. Resumindo, eu não poderia trazer um alento aos meus inquisidores quanto aos seus problemas.
A decepção no olhar das pessoas era de uma visibilidade atroz.
Por este motivo, e para evitar novos desapontamentos, decidi escrever este texto para responder a esta pergunta, e de antemão peço desculpas aos leitores caso a resposta não seja aquela desejada ou que seja contrária ao pensamento de cada um que leia o texto.
Este pequeno texto expressa uma antiga crença minha: a de que o segredo para a prosperidade, para a liberdade e para a felicidade geral (coisas que considero básicas para um bem estar maior da humanidade) está no caráter pessoal de cada um.
Sim, a solução sempre começa no indivíduo. Impossível querer apresentar uma solução geral e coletiva sem antes começar pelo indivíduo.
O caráter de cada um é crucial não apenas para a prosperidade e para a felicidade, como também para a liberdade de toda uma sociedade. Com efeito, integridade e liberdade são dois lados da mesma moeda. Uma sociedade não pode usufruir a segunda sem a primeira. Nenhuma sociedade que perdeu seu caráter e sua integridade conseguiu manter sua liberdade e prosperidade. É impossível haver prosperidade e liberdade em um ambiente formado por pessoas escroques e indignas de confiança.
Portanto, sempre que alguém me pergunta "qual a minha solução para o mundo" (ou algo neste sentido), isto é o que eu respondo.
O mundo precisa de mais humanos que não tenham um preço pelo qual possam ser comprados; que não abram mão de sua integridade em prol de conveniências e vantagens próprias. Que tenham caráter e ética suficiente para não criarmos uma sociedade de corruptos (em todos os sentidos)
O mundo precisa de mais humanos cujo aperto de mão represente um contrato irrevogável.
O mundo precisa de mais humanos que não tenham medo de correr riscos para promover o que é ético e moral; que tenham a coragem de defender o que é verdade e não simplesmente aquilo que seja mais popular e palatável; e que não tenham medo de ir contra a maré da opinião dominante. Não se deixem tornar refém do que o senso comum apresenta como correto e verdadeiro.
O mundo precisa de mais humanos que coloquem princípios e consistência acima de ganhos políticos ou pessoais; que não acreditem que trapaça e esperteza sejam as chaves para o sucesso; e que sejam honestos em todas as questões, grandes e pequenas. Chega de acordos espúrios e um "Vale Tudo" pelo poder.
O mundo precisa de mais humanos cujas ambições sejam grandes o bastante para incluir terceiros; que saibam vencer com honra e perder com dignidade; e que ainda mantenham amizades genuínas feita há vinte ou trinta anos. Que consigam se colocar no lugar do outro.
O mundo precisa de mais humanos que sejam humildes o bastante para perceber que planejar suas próprias vidas é um desafio que exige dedicação em tempo integral, o que significa que eles não são ridículos ao ponto de acreditar que podem planejar as vidas e a economia de milhões de outras pessoas.
O mundo precisa de mais humanos que não considerem o governo central como a mais alta das autoridades. E entendam que o verdadeiro "governo" é o interesse da sociedade.
O mundo precisa de humanos que não tenham medo de assumir responsabilidades, que sejam adultos o bastante para aceitar cobranças e exigências, corajosos o bastante para falar a verdade a quem detém poder, e sábios o bastante para expressar gratidão àqueles que merecem.
O mundo precisa de mais humanos que sejam tolerantes com as diversidades e diferenças que fazem de cada pessoa um indivíduo singular; que não se sintam ameaçados pelas opiniões, estilos de vida ou fé daqueles que são pacíficos e respeitadores em sua conduta diária.
O mundo precisa de mais humanos que não exijam que políticos melhorem seu padrão de vida piorando o padrão de vida de outros; que entendam que criar valor por meio da produção, da inovação e do trabalho é uma vocação muito mais elevada do que exigir que o governo coercitivamente redistribua a renda e a propriedade de terceiros.
O mundo, em outras palavras, precisa de mais humanos que possuam aquela característica honrada pelo tempo, experiência e sensatez, e que nós chamamos de caráter.
Resumindo...precisamos de um mundo com mais Humanos!
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