quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

A Educação enquanto Doutrina

A influencia da psicanalise tem sido cada vez mais forte dentro da educação, essa visão psicanalítica vem sendo tão fortemente usada que até mesmo os pedagogos de esquerda vêm adotando essa prática, e sabemos nós o quanto a esquerda tem hegemonia na educação, não somente aqui no Brasil, como em boa parte do mundo ocidental.

A esquerda entendeu como conseguiria atingir melhor os seus propósitos, mesmo que em longo prazo, poderia “fazer a cabeça” dos jovens. Essa visão fez com que grupos que desejam subjugar as massas e incutir neles as suas doutrinas, a perceber que era necessário o domínio de qualquer instituição que pudesse levar esse grupo a dominar e controlar a vida intelectual da sociedade, em particular, as escolas, as universidades e vários segmentos da mídia. Dessa forma, a educação passou a ser um instrumento eminentemente político, seja de grupos partidários ou religiosos.

Querem um exemplo bem marcante disso que estou dizendo? Vamos relembrar um pouco sobre o pedagogo brasileiro Paulo Freire, que se tronou famoso pelo seu método de alfabetização, principalmente de adultos, mais precisamente de operários e camponeses, seu trabalho consistia em: “A pedagogia que ele defende tem por fim a conscientização, ou seja, o fundamental não seria a alfabetização e sim a formação de uma consciência das relações sociais”(Esse foi o depoimento de Frei Betto, quando da morte de Paulo Freire, ao jornal “O Globo” de maio de 1997), um dos pontos mais importantes de sua obra mais famosa “A Pedagogia do Oprimido”, evidentemente escrita na ótica marxista, é de que a educação é um ato político o objetivo não está em alfabetizar e sim, como uma ferramenta de doutrinação do aluno.

Alguns amigos dirão que estou exagerando, não é? Pois bem, alguém lembra que durante as décadas de 60, 70 e até a de 80, não havia quarto de adolescente “pequeno burguês”, que nem eu, ou de um “filhinho de papai”, que não tinha um quadro do infeliz guerrilheiro Che Guevara, ao lado de pôster de ídolos da cultura pop, como Beatles, Michael Jackson ou de um dos grupos de rock, do chamado “Rock Nacional”, e isso não era nada por acaso, e sim induzido pelos nossos professores nas salas de aula pelo país a fora. Aliás, o mais importante nesse contexto de “boas intenções” era a exigência por parte dos “intelectuais” que foram oriundos desse período de suprimir qualquer tipo de censura, sob o manto de que é necessário preservar a “Liberdade de Expressão”, pois bem, a consequência mais imediata desse tipo de atitude foi a publicação em páginas da Internet de técnicas e textos sobre a fabricação de artefatos e bombas e atentados biológicos, o que fomentou ainda mais a expansão de atos terroristas (exagero? Estudemos um pouco da história nos últimos 20 ou 30 anos).

Outro exemplo interessante da utilização da educação como ferramenta de doutrinação ideológica ocorreu na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Durante a década de 70, do século passado, foi realizada nessa instituição de orientação católica, a maior perseguição a professores que se opunham ao ideário marxista, o então reitor da época, padre Mac Dowell foi alertado sobre isso, mas, quando tardiamente percebeu a manobra que acontecia em sua instituição, já era tarde demais, sua própria substituição do cargo foi uma exigência dos próprios marxistas que ele demorou a combater. Esse processo foi evoluindo de uma forma muito simples, foi sendo expurgado e perseguido dentro das universidades aqueles professores que não “rezavam” pela cartilha marxista, fazendo com o que esses professores acabassem se tornando minoria, e dai por diante, tudo passou a ser decidida através do “voto democrático”, obedecendo ao desejo da maioria, obviamente, maioria essa que fora construída através de anos de expurgo aos adversários antimarxistas.

Novamente poderão dizer que estou exagerando, que isso não passa de conversa fiada para deturpar a história e manchar a “memória” daqueles que lutaram por uma “Educação pública, gratuita e de qualidade”, pois então, professores oriundos do IME (Instituto Militar de Engenharia), que haviam construído todas as bases do Centro Técnico Cientifico foram demitidos, outros educadores que não estavam alinhados com o marxismo também foram perseguidos e demitidos, caso dos professores Anna Maria Moog e Antônio Paim, do diretor do departamento de psicologia Aroldo Rodrigues e do diretor do departamento de psicologia Arthur Rios, isso somente para citar os casos mais emblemáticos, ah e tem também o caso de dois professores da área de biomédica que tiveram seus nomes citados no livro “Brasil Nunca Mais”, como sendo colaboradores do regime militar e que foram tirados de seus postos.

Este é o grande problema de se utilizar a educação como instrumento de doutrinação política ou ideológica, tira do aluno a oportunidade de formar a sua própria consciência, faz dele um autômato que raciocina pela ótica de ideologia hegemônica (toda vez que alguém for discutir com alguém de esquerda, por exemplo, e utilizar termos como “desconstruir” ou “políticas afirmativas”, esse alguém já começara a discussão com “derrota”, pois usará termos que são oriundos da própria esquerda). Esse aluno deixa de ser um “sujeito pensante” para se tornar um “repetidor de doutrina”.

Portanto, não foi a toa que a Igreja Católica e a Igreja Metodista, implementaram uma enorme rede de escolas. E isso foi muito utilizado não somente pelos regimes totalitários, como os nazistas que criaram a “Juventude Hitlerista” e a URSS, onde o Partido Comunista controlava a educação com “Mão de Ferro”, mas também é utilizado disfarçadamente por todos os grupos que ambicionam chegar ao poder. Os marxistas entenderam isso desde cedo, por isso se infiltraram no corpo docente das escolas e das universidades, para poder ocupar esse espaço e introduzir nele seus conceitos.


O caro leitor já parou para se perguntar o porquê de muitos líderes terroristas terem uma formação superior? De serem oriundos de grandes instituições de ensino? Não podemos esquecer que os líderes de grupos como o “Baden Meinhoff” , o “Tupac Amaru”, o “Sendero Luminoso” vieram de dentro das universidades e foram influenciados por toda uma linha de doutrinação ideológica que fazia desses jovens, verdadeiras “máquinas de guerra” contra o sistema. Eu estou falando sobre situações que aconteceram e que somente agora se começa a tocar nesse assunto, durante muitos anos (e ainda nos dias de hoje) é quase uma “Heresia” questionar alguns preceitos da educação brasileira na sua vertente predominante que é a marxista, por isso a importância de que esse tipo de assunto seja bastante discutido e difundido e cada brasileiro que queira pensar pela sua própria consciência, busque estudar e tirar suas próprias conclusões e não ficar preso aos “dogmas” da educação aparelhada. Como diz a bandeira de Minas Gerais: “Liberdade, ainda que tardia”.


6 comentários:

Solange Gomes disse...

Exatamente isso!!!! Agora, as consequências estão aí, começaram no ES.

Thomaz Campos disse...

E essa é somente a mais visível das consequências...além das outras que ainda virão!!!

Adriane Werner disse...

Discordo, amigo. (Claro! - Dirá você - Ela é vermelhinha! Rsss) Penso que não há como dissociar a ideologia pessoal de todo o discurso - portanto, penso que seria impossível estar em sala de aula com um discurso neutro (até porque a neutralidade não existe). Assim, bato de frente com as ideias da tal "Escola Sem Partido", pois percebo que ela apenas terá "outro partido". Penso que o ideal não é esconder do aluno qual o pensamento político do professor, mas buscar a emancipação do aluno, de forma libertária. Quando assumo para o aluno "eu penso assim", tenho que dar a ele a chance de pensar diferente, e nos enriquecermos com isso. É bem diferente de doutrinação, que também combato!

Thomaz Campos disse...

Minha cara Vermelhinha...Na verdade, não discordamos, apenas temos uma interpretação diferenciada sobre o mesmo tema. Não acredito na Educação que não faça o individuo pensar por conta própria, ter capacidade de conhecer diversas formas de pensamento. Você concorda comigo que isso não acontece? Eu passei toda a minha vida acadêmica tendo apenas uma visão, um lado. Não me foi apresentado, de forma adequada (entenda-se ai, de uma forma analítica), toda a geração de pensamento clássico. toda a minha formação acadêmica se deu pela ótica marxista e isso não é "justo" com o aluno. Não posso concordar com a "ideologização" da Educação!!!

martim barboza disse...

tenho uma visão que gostaria de ver discutida e aprofundada mas aqui não é espaço adequado nem suficiente. Resumindo: concordo que professores não deveria fazer política partidária com seus alunos, especialmente com quem ainda não chegou à idade de votar, ou educação básica, até porque eu entendo educação básica como o básico (mínimo) que todo o cidadão de um país deveria saber ou que a ele deveria ser ofertado. Aí caberia sim uma leve orientação sobre pensamento socialista, capitalista e sua variantes que mesclam ambos. Mas aí começa o problema. A história da educação se une umbilicalmente com a história da sociedade humana e ao longo do tempo os trabalhadores e os despossuídos de poder econômico tiveram que conquistar direitos guerreando (literalmente) contra os detentores de poder econômico que sempre detiveram o poder político. Isso foi gerando a "construção" de fundamentações teóricas de massa ("para fazer a cabeça do povo"), enquanto os detentores do poder se preocuparam em mantê-lo pela força e não em conquistar o povo pois isso não era "necessário". O tempo ... nos trouxe até aqui. Hoje vemos equivocadamente, na minha opinião um corrente de opinião que quer combater a chamada "ideologização da educação" que na prática se resume em professores "fazendo a cabeça" dos alunos para se alinharem às suas idéias político-partidárias. O problema é querer combater isso com a pregação da desideologização da educação. Entendendo ideologização como um conjunto de idéias, princípios e valores que norteiam a compreensão de mundo de uma pessoa, não se pode desideologizar. O que se pode, e se deve é abrir o leque e mostrar o conjunto das ideologias, mas para isso os que querem mudar tem que apresentar argumentos e fundamentações teórica. Não basta ser contra. isso é voltar ao velho jogo de usar o poder da força contra o poder das idéias.

Thomaz Campos disse...

Professor Martim...antes de mais nada eu quero agradecer ao privilégio de ler o que escrevi e contribuir, como é de seu estilo, com qualidade nesse debate. Sei que o tema é polêmico e gera uma série de interpretações e reações de várias correntes de pensamento. Não tenho a pretensão de "resolver" a questão educacional no País, apenas quero contribuir com a discussão, mostrando que não podemos nos tornar refém da "Ideologia Hegemônica", não quero mais ficar restrito aos ensinamentos baseados na cartilha marxista, quero que os alunos (e por que não, os colegas professores) tenham a liberdade de debater outras vertentes, outras óticas que não sejam a da Hegemonia cultural marxista. Sou defensor da pluralidade, da divergência e do bom debate, somente através do contraditório é possível se alcançar o desenvolvimento. Professor Martim, fiz o curso de História e somente tive acesso ao estudo dos "clássicos" da Filosofia, quando fui buscar fora da academia, isso não é justo na formação de um profissional da minha área. Gostaria de ter oportunidade de estudar A Filosofia grega de modo mais abrangente, estudar a Escolástica cristã, os liberais, a própria social democracia (que o professor sabe que não é estudada de forma consistente até hoje). Enfim, concordo que o espaço é pequeno para uma tema tão grande, mas fico feliz que possamos dialogar, nem que seja na pequenez deste espaço. Grato pelo respeito.

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