Amigos do blog..devidos a questões pessoais, vou dar uma parada nas postagens aqui da página...quem sabe eu volte a escrever em breve!!!
Um blog para descontrair, pensar, refletir, discutir, agir... Um espaço de divagações, de assuntos polêmicos, de assuntos engraçados, enfim, um Blog feito para todos nós!!!
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
O Rio de Janeiro não continua lindo!
Desde julho deste ano, cerca de 10 mil homens do Exército e da Força Nacional, foram disponibilizados, por meio de decreto para o Estado do Rio de Janeiro. Ainda este ano, um bebê atingido pela violência da Baixada Fluminense quando ainda estava na barriga da mãe morreu em função da tal "bala perdida", num caso acompanhado pela mídia. Em agosto, a UERJ, uma das mais importantes universidades do Brasil, anunciou a impossibilidade de continuar a dar aulas no segundo semestre de 2017 e, por isso, cancelou pelo resto do ano letivo suas atividades, com salários de servidores atrasados por inacreditáveis 4 meses.
Mas afinal de contas, o que está acontecendo com o Rio de Janeiro? Como tanta insegurança e incerteza assolam um estado que recebeu os dois maiores eventos esportivos do mundo recentemente? O que houve com o tão badalado legado na infraestrutura prometido? Onde está a receita para manter funcionando as instalações das Olimpíadas? A população do Rio está descrente no seu estado e não consegue enxergar uma alternativa que possa ao menos diminuir essa sensação e anarquia que assola os fluminenses.
Mas repito: Como foi possível ao Rio de Janeiro chegar nesta situação?
As respostas são podem ser várias, tentarei aqui, demonstrar um pouco do que aconteceu no estado do Rio e como uma verdadeira "quadrilha" saqueou as finanças do estado e como foi tão mal feito um planejamento de gestão, apoiado na riqueza do petróleo.
Pois bem, a elite política do estado, da região metropolitana ao norte fluminense, apostou no desenvolvimento alavancado pela indústria do petróleo e grandes obras de apoio, que iriam desdobrar-se em outros investimentos pelas regiões.
O COMPERJ, um complexo petroquímico, foi planejado para abarcar ao menos 15 municípios do Conleste (Consórcio de Desenvolvimento do Leste Fluminense). Mesmo assim, pouco foi feito para até mesmo concretizá-los: sem finalizar as construções, paradas desde 2013, o estado colhe hoje os frutos de uma política de desenvolvimento cara e sem resultados. O consórcio vencedor era formado pelas empreiteiras Odebrecht, Mendes Júnior e UTC. (nem preciso dizer mais nada, não é mesmo?)
De acordo com o vice-governador Francisco Dornelles, as fontes de receita do governo quebraram: Petrobrás e empreiteiras, assim como as prestadoras de serviços destas. Neste cenário, concluir obras de impacto foi um privilégio reservado ao início do governo Pezão, em 2015, com o Arco Metropolitano e a última linha do metrô na capital.
A falta de eficiência e desperdício de dinheiro público no estado explica parte dessa história. A resposta pode estar em uma conta na Suíça do ex-governador Sérgio Cabral; no bolso do Jacob Barata (dono da FETRANSPOR) e influente por toda a região metropolitana; superfaturada em um contrato da Delta Construções, encabeçada por Cavendish, ou em uma das empresas de Eike Batista.
Integrantes do governo tem sido protagonistas de ações do Ministério Público e da Polícia Federal em desdobramentos da Lava-Jato, envolvendo financiamento de campanhas, cartelização e monopolização de contratos públicos, superfaturamento de obras e troca de favores entre público e privado. Aliás, não somente membros do executivo, mas também do judiciário e do legislativo. Os 3 poderes do estado do Rio de Janeiro tiveram seus mandatários ou presos, ou na eminência de ser.
Além da ineficiência e de um planejamento estratégico feito para favorecer as empreiteiras, essa relação obscura entre público e privado se manifesta nas grandes desonerações fiscais, que custaram cerca de 138 bilhões de reais em ICMS nos seis exercícios fiscais entre 2008 e 2013, período de bonança, onde o petróleo literalmente "jorrava" dinheiro e por conseguinte, trazia a possibilidade de grandes obras e enormes desvios de dinheiro.
Com uma população mais velha do que a média nacional, o número de servidores inativos na folha do Rio de Janeiro é superior ao de ativos, ou seja, o Rio de Janeiro tem mais aposentados do que gente trabalhando no funcionalismo público. De quebra, o gasto anual com pessoal praticamente triplicou entre 2009 e 2015, em valores correntes, segundo o Tesouro Nacional.
Um dos fatores-chave para tanta irresponsabilidade no campo das despesas foi igual conduta com as receitas. O governo previa arrecadar bilhões com royalties de petróleo, quando o preço do ouro negro se encontrava no seu recorde histórico. Com base na esperança de que a exceção continuaria eternamente, o governo se comprometeu. Trocando em miúdos, o governo do Rio de Janeiro se preocupou apenas em tomar medidas que serviam para "agradar" ao funcionalismo e desconsiderou o fato de que, planejado em "esperanças", o orçamento do estado estava fadado a entrar em colapso.
O governo estadual diz que não consegue cortar gastos e isto é a mais pura verdade, na ausência de reformas. Conforme conta o secretário estadual da fazenda, mais de 90% do orçamento a sua disposição vai para funcionários ativos e inativos, dívidas com o governo federal e obrigações constitucionais com saúde e educação. Se fosse uma empresa privada, o estado do Rio de Janeiro estaria em estado de total falência. Como resultado, tudo o que o governo pode administrar livremente hoje se resume a 4,5 bilhões de reais e não há como encurtar o déficit de 20 bilhões de reais rapidamente, sem reformas ou impostos.
Nos próximos anos, a situação exigirá ajuda do governo federal, o que não é sustentável ou justo com os demais estados da Federação, sejam esses estados dependentes ou não, de ajuda do governo federal.
O resultado disso é um orçamento fora de controle!
Os servidores estão numa situação penosa: 204 mil deles não estão com seus salários em dia e a maioria não recebeu nem a integridade nem o décimo terceiro salário do ano passado.
Na UERJ, a situação consegue ser ainda pior: por estar associada à pasta de Ciência e Tecnologia do governo estadual, que é paga por último na folha de pagamentos, seus servidores se encontram sem salário há meses. Sem condição de exigir serviço daqueles que não foram preparados para uma austeridade tão grande do governo, a faculdade desistiu de terminar o ano letivo, não retornando suas atividades para o segundo semestre deste ano.
Agora vejamos a situação da Polícia Militar do Rio: com falta de recursos, não só deixa metade de sua frota de carros parada, mas das 6.756 viaturas, 1.836 não estariam em condições de rodar as ruas. Reclamações de falta de proteção são frequentes: embora acusada de ser a polícia que mais mata, é também a que mais morre em números crescentes: até julho já tinham morrido mais policiais que em todo o ano de 2016. Sem condição de aumentar seu contingente humano, pois não há condições de contratar mais ninguém, a perspectiva de melhora da segurança para o cidadão parece cada vez mais distante.
Á proposito, caro leitor, você trabalharia em uma organização onde 3,6% dos trabalhadores são assassinados no exercício do trabalho e onde você tem os seus salários atrasados e ainda é acusado, frequentemente, de ser corrupto e truculento?
Democracia Cristã...mas o que é isso???
Eu tenho amigos que são dos mais diversos espectros políticos, nesses meus 30 anos de política consigo transitar do PSOL ao DEM, sem nenhum problema. Sou de uma geração que foi criada politicamente com o viés esquerdista, no meu tempo de formação, ser de "Direita" era ser corrupto, ultrapassado e quem não pensava no desenvolvimento. Mas eu cresci politicamente, estudei e descobrir que existem muitas correntes de pensamento que, infelizmente, a maioria da população brasileira desconhece.
Uma dessas correntes é a chamada "Democracia Cristã". Mas afinal de contas, que é isso? Tentarei contribuir para essa discussão, escrevendo alguns textos sobre o tema, baseado nos livros que estudei durante meus anos de analises sobre doutrinas políticas.
A democracia cristã é um movimento político que se originou na Europa do século XIX, especificamente em países como Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda, Áustria, e Suíça. Na sua forma de organização, o movimento tem suas raízes ligadas na tradição católica (DSI – Doutrina Social da Igreja) ao lado de associações e sindicatos, inicialmente sem qualquer pretensão de formar um partido político.
Em particular, durante a Segunda Guerra Mundial foi que surgiram enfim, os primeiros partidos democratas-cristãos, atraindo e integrando pessoas de várias camadas da sociedade, sendo ligadas umas as outras pelas suas tradições e valores. Em relação à Alemanha, a formação de uma união política composta por cristãos luteranos e católicos em associação com liberais e conservadores tradicionais, ofereceu suporte ao primeiro chanceler alemão da União Democrata-Cristã (CDU), Konrad Adenauer.
Adenauer foi da maior importância para o duradouro sucesso da democracia cristã na Alemanha e até hoje, a Fundação que leva o seu nome é uma das maiores financiadoras de movimentos democratas cristãos pelo mundo. Há uns 20 anos atrás eu tive oportunidade de conhecer um pouco da Fundação Adenauer e foi onde pude estudar um pouco mais sobre o movimento.
Adenauer foi da maior importância para o duradouro sucesso da democracia cristã na Alemanha e até hoje, a Fundação que leva o seu nome é uma das maiores financiadoras de movimentos democratas cristãos pelo mundo. Há uns 20 anos atrás eu tive oportunidade de conhecer um pouco da Fundação Adenauer e foi onde pude estudar um pouco mais sobre o movimento.
Por muitas décadas os partidos democratas-cristãos contribuem para formar as políticas de inúmeros países europeus ajudando a promover um processo cada vez maior de integração econômica e política entre os países do velho continente.
Os fundamentos espirituais da democracia cristã tem sua origem na ética social-cristã cristianismo, "bebe" nas tradições do liberalismo dos Iluministas, e no cultivo de valores cívicos pautados na ideia de que a menor unidade da sociedade é a família e como tal, é a unidade de formação da cultura e da ética que deve pautar o cidadão. A democracia cristã vê o ser humano dentro de uma perspectiva ontológica e antropológica não apenas compatível com o cristianismo, mas baseada nele. A democracia cristã está longe de ser uma doutrina teológica (alguém pode "desenhar" isso para os militontos da esquerda?).
A democracia cristã ocupa no cenário político a posição de centro-direita; e é uma excelente alternativa política, não apenas para países desiguais como nosso, mas para garantir a recuperação da moralidade, da ética e dos valores tradicionais da sociedade ocidental, além de combater a perda dos valores cristãos do ocidente.
De acordo com a democracia cristã, cada indivíduo é considerado único e deve ser tratado com dignidade. De acordo com a visão cristã da humanidade, o homem certamente não é um mero membro de uma classe social particular, tal como exposto pelo marxismo. Além disso, em contraste com as ideologias totalitárias, a ideia cristã de humanidade não se esforça para formar um “novo homem”, mas aceita cada pessoa como ele é, incluindo todas as suas virtudes, fraquezas e limitações. Ninguém na democracia cristã busca construir um "Super Homem" para substituir a carência de Deus.
Cada ser humano é único e deve ser entendido e defendido como tal. A crença na dignidade inviolável do indivíduo não deve levar a pensar que o homem é apenas uma unidade atomística e insociável.
Pelo contrário, a visão cristã da humanidade ressalta dupla natureza do homem: O homem é ao mesmo tempo, um indivíduo com direitos inalienáveis e um ser social que só pode realizar seu potencial através da convivência com outras pessoas. O direito do indivíduo a participar ativamente, de forma igual e com responsabilidade na política e na sociedade é derivada da compreensão da democracia cristã da dupla natureza do homem. Esta é a razão do porque a família, primeiro núcleo social é o fundamento sob o qual a democracia cristã se levanta, em contraste ao liberalismo clássico que enfatiza única e exclusivamente o indivíduo e em contraste ao socialismo que enfatiza unidades abstratas superiores como a classe, a nação ou a raça.
Conseguem entender as diferenças?
No campo político, a liberdade só é possível através de direitos fundamentais constitucionalmente protegidos e inalienáveis, como por exemplo, a liberdade de religião, a liberdade de opinião, a liberdade de reunião, a liberdade de imprensa, a liberdade de associação, bem como o direito ativo e passivo de voto. (Voto facultativo). Na economia, a liberdade encontra expressão através do direito de propriedade, o direito ao livre desenvolvimento e expressão da personalidade, a liberdade de trabalhar, e a livre circulação de pessoas.
No entanto, como as liberdades individuais não devem prejudicar a liberdade dos outros, elas são limitadas por restrições legais (direitos fundamentais e das liberdades negativas). Resumindo, um democrata cristão cumpre as leis, não abdica do direito de proteger a constituição e as leis vigentes, quando uma lei não se faz legítima ou saudável para a sociedade, um democrata cristão utiliza dos artifícios legais para alterar essa lei. (segue)
domingo, 12 de novembro de 2017
Frase do dia
"Radite na nečemu, pa vas vrag uvijek nalazi zauzet." (Trabalha em algo, para que o diabo te encontre sempre ocupado.)
São Jerônimo, o bispo
São Jerônimo, o bispo
terça-feira, 7 de novembro de 2017
Frase do dia
"ሁሉ ተፈቅዶልኛል: ሆኖም ሁሉም ነገር እኔን ያሟላኛል ..." (Tudo me é lícito fazer, mas nem
Tudo me convém...)
Jesus Cristo
Tudo me convém...)
Jesus Cristo
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
A "Cidade Ideal"? é possível? II
Continuando a falar sobre as idéias de transformar uma cidade em um lugar de convivência mais humana, quero dizer que: Tudo que estou pesquisando e o que estou escrevendo tem o objetivo de trazer á tona uma discussão que deveria ser do cotidiano de todos nós, qual o tipo de cidade queremos viver.
Eu tenho absoluta certeza que é preciso projetar esse lugar ideal, se não for assim, iremos se importar apenas com o fluxo de pessoas e mercadorias. A cidade vai se tornar um lugar insalubre, só de "passagem" e isso não será nenhum pouco saudável para nós e para aqueles que virão depois de nós. Voltando a falar de Jan Gehl, o seu ponto de partida para compreender uma cidade mais humana está no que ele chama de “comportamentos naturais do ser humano”. A partir disso, ele faz uma análise comportamental do uso, por exemplo, de uma escadaria na qual a pessoa pode se sentar, por que não? Será que tal escada serve apenas para a passagem?
Como eu disse na postagem anterior, Jan Gehl elaborou 12 critérios necessários para que tenhamos uma qualidade melhor em nossas cidades. Para melhorar a qualidade de vida nas cidades, é preciso que as pessoas possam voltar a viver e ter experiências positivas no local em que moram.
Em seu já citado livro "New City Life", o arquiteto dinamarquês escreve que a ideia de que “se melhores áreas urbanas são oferecidas, seu uso vai aumentar” vale tanto para espaços públicos amplos como para espaços privados. E, segundo ele, esses princípios são aplicáveis em várias culturas e partes do mundo, em vários climas e em diferentes economias e situações, portanto, essa infeliz idéia de que "não tem jeito" é somente uma desculpa de quem não tem o interesse político de que as coisas melhorem nas cidades. Existem diversas formas de melhorarmos a nossa qualidade de vida na cidade em que vivemos, basta que nos mobilizemos para encontrar a alternativa mais adequada para a nossa realidade.
De maneira geral, os critérios dão uma orientação de como os espaços públicos devem ser, do ponto de vista das pessoas: seguros, confortáveis e convidativos. A prioridade é sempre o deslocamento a pé (ou de bicicleta) e a promoção de atividades em conjunto, sejam compras, eventos ou apenas conversas. Gehl quer que, idealmente, o espaço diga: “Pare e olhe para todas as coisas que esse lugar tem a oferecer”.(qual foi a última vez que você parou para admirar o quão bela é, a arquitetura do centro de Porto Alegre, por exemplo?).
Eu tenho absoluta certeza que é preciso projetar esse lugar ideal, se não for assim, iremos se importar apenas com o fluxo de pessoas e mercadorias. A cidade vai se tornar um lugar insalubre, só de "passagem" e isso não será nenhum pouco saudável para nós e para aqueles que virão depois de nós. Voltando a falar de Jan Gehl, o seu ponto de partida para compreender uma cidade mais humana está no que ele chama de “comportamentos naturais do ser humano”. A partir disso, ele faz uma análise comportamental do uso, por exemplo, de uma escadaria na qual a pessoa pode se sentar, por que não? Será que tal escada serve apenas para a passagem?
Como eu disse na postagem anterior, Jan Gehl elaborou 12 critérios necessários para que tenhamos uma qualidade melhor em nossas cidades. Para melhorar a qualidade de vida nas cidades, é preciso que as pessoas possam voltar a viver e ter experiências positivas no local em que moram.
Em seu já citado livro "New City Life", o arquiteto dinamarquês escreve que a ideia de que “se melhores áreas urbanas são oferecidas, seu uso vai aumentar” vale tanto para espaços públicos amplos como para espaços privados. E, segundo ele, esses princípios são aplicáveis em várias culturas e partes do mundo, em vários climas e em diferentes economias e situações, portanto, essa infeliz idéia de que "não tem jeito" é somente uma desculpa de quem não tem o interesse político de que as coisas melhorem nas cidades. Existem diversas formas de melhorarmos a nossa qualidade de vida na cidade em que vivemos, basta que nos mobilizemos para encontrar a alternativa mais adequada para a nossa realidade.
De maneira geral, os critérios dão uma orientação de como os espaços públicos devem ser, do ponto de vista das pessoas: seguros, confortáveis e convidativos. A prioridade é sempre o deslocamento a pé (ou de bicicleta) e a promoção de atividades em conjunto, sejam compras, eventos ou apenas conversas. Gehl quer que, idealmente, o espaço diga: “Pare e olhe para todas as coisas que esse lugar tem a oferecer”.(qual foi a última vez que você parou para admirar o quão bela é, a arquitetura do centro de Porto Alegre, por exemplo?).
Uma das maiores dúvidas que sempre tive com relação aos espaços públicos nas grandes e médias cidades brasileiras está no aproveitamento das condições climáticas. Somos capazes de não passar frio no Canadá e morrer congelado em Curitiba (guardado o exagero, obvio). Nossas cidades não estão devidamente preparadas para a adaptação climática e isso é fundamental para uma qualidade de vida melhor no lugar em que mora.
De acordo com Gustavo Ortenblad. “Nós [os brasileiros] temos temperaturas muito mais favoráveis. A oferta de áreas para as pessoas poderem aproveitar a natureza, o meio ambiente, teria aqui um uso efetivo mais intenso durante o ano inteiro. Isso criaria uma nova relação do cidadão com a cidade. De afeto e prazer”, e você, caro leitor, consegue perceber isso acontecer em sua cidade?
Quero esclarecer aqui que, apesar de terem virado referência para urbanistas do mundo todo, os critérios de Gehl são apenas um ponto de partida, um começo. Novamente recorro ao arquiteto Gustavo Ortenblad, eles não são uma solução, mas um desejo: o de resolver um problema. “São critérios básicos, mas que dão subsídios muito grandes do que se espera para o espaço público”, diz o arquiteto.
Eu sei que os problemas de nossas cidades são enormes, as vezes parecem não ter jeito, é verdade. Décadas já se passaram e eles parecem ficar mais difíceis a cada dia. As vezes temos a sensação de que nunca resolveremos os problemas urbanos que temos em nossas cidades. Mas, se não há como resolver tudo de uma vez, pelo menos os 12 critérios de Gehl revelam um ponto de partida ao qual podemos nos posicionar e olhar para o futuro com esperança de uma vida melhor nas cidades. Vamos aos tais 12 critérios de Gehl:
No campo da Proteção
1. Prevenção de acidentes.
2. Combate ao crime e a violência: áreas públicas cheias de vida, olhos na rua, funções simultâneas dia e noite, boa iluminação.
3. Abrigo contra experiências desagradáveis: chuva, vento, calor/ frio, poluição, poeira, barulho. (incluindo ai as paradas de ônibus)
No campo do Conforto
4. Caminhada: fachadas interessantes, boas superfícies, acessibilidade.
5. Paradinha: locais atraentes, convidativos.
6. Descanso: bancos confortáveis.
7. Contemplação: vistas desobstruídas, iluminação.
8. Interação: baixo ruído e mobiliário “de estar” para um bate papo.
9. Exercício e lazer: atividade física, brincadeiras, entretenimento.
No campo do Desfrute
10. Bom tamanho: prédios e espaços feitos para a escala humana.
11. Clima propício: mobiliário que conviva com a variação do tempo (sol/sombra, calor/ fresco, abrigo do vento/brisa).
12. Experiências sensoriais: design com detalhes, bons materiais, vistas agradáveis, árvores, plantas, água.
Parece impossível de conseguir? Pode até parecer, mas o que vem sendo feito na Dinamarca e em outras cidades pelo mundo, mostra que quando se tem vontade de fazer e se tem interesse em resolver problemas, o que parece impossível se torna realidade. se não dá para fazer tudo de uma vez só, que tal fazermos um pouco de cada vez? Em áreas isoladas da cidade, como um "Piloto" e aproveitarmos as experiências positivas ou não, para utilizar como ferramenta para uma cidade mais humana, habitável e acolhedora.
A "Cidade Ideal" é possível?
Em uma recente conversa com minha companheira falamos sobre um tema bem importante e que deveria servir de meta para os gestores públicos, principalmente, os gestores das esferas municipais: Qual seria a "Cidade Ideal"? Ela é uma utopia ou pode ser buscada na prática, com muito trabalho, parcerias e foco no cidadão que habita essa cidade? Resolvi pesquisar sobre o tema. O assunto é tão extenso e complexo que eu acredito ser necessária mais de uma postagem para dissecar o assunto.
Estamos nos "acostumando" com problemas que parecem lugar comum nas grandes e médias cidades, não somente no Brasil, como no mundo, estamos falando de problemas com trânsito, violência, falta de espaços de lazer, transporte público de má qualidade. Esses problemas das grandes cidades são inúmeros e conhecidos, qualquer um de nós que mora em uma grande ou média cidade sabe do que estou falando. A cada debate sobre o tema, porém, fica a pergunta: afinal, como melhorar? O que podemos fazer para lidar com questões tão complexas? É possível melhorar?
Pesquisando a respeito, me deparei com o trabalho de um arquiteto dinamarquês chamado Jan Gehl. Ele pesquisou sobre esses problemas e como poderia se contrapor à eles. Em cima disso, ele elaborou 12 critérios de avaliação para saber se um espaço urbano é de boa qualidade ou não. Esses itens se dividem em três categorias: conforto, proteção e desfrute. A lista foi desenvolvida (e testada durante vários anos) no Center for Public Space Research (Centro de Pesquisa sobre o Espaço Público), na Dinamarca.
Tenhamos muita calma nessa hora, antes de falarmos dos critérios em si, é necessário entender o que Jan Gehl pensa sobre as cidades.
“A raiz desses 12 pontos é uma cidade focada no usuário”, explica o arquiteto Gustavo Ortenblad, da empresa Zoom Arquitetura. “A alma do que o Jan Gehl tenta retomar é a ideia da cidade para as pessoas como um todo. Ele parte do olhar do cidadão para a cidade. E tenta analisar isso de uma forma que não deixa de ser técnica, mas entra no campo do comportamento humano.”, Com estas observações Ortenblad tenta nos mostrar como se deu o pensamento de Gehl para chegar nos critérios que ele elaborou. Esse foco no cidadão, é fundamental para se compreender os estudos de Gehl.
Os amigos do blog dirão: "Mas isso é obvio". Pode até ser uma ideia óbvia na segunda década do século XXI, porém, essa idéia ainda não era uma unanimidade no meio do século passado. De acordo com Ricardo Correa, arquiteto do escritório TCUrbes “Nos séculos XVII e XIX, o lugar público (ou a cidade inteira) era uma área de troca. Os cavalos andavam junto com as pessoas. Você não tinha a definição do que era cada espaço e para que servia. No pós-guerra (a partir de 1950), na Europa ou nos países desenvolvidos em geral, o espaço público foi tomado pelo carro”, A partir dessa proliferação automobilística, acontece uma degradação das áreas urbanas, o que verificamos até os dias de hoje.
No livro "Morte e Vida das Grandes Cidades" de 1961, a jornalista norte-americana Jane Jacobs fez um diagnóstico terrível: A prioridade dada ao uso do carro “mataria” as cidades. Gehl concorda e afirma, no livro "New City Life" (sem tradução em português), que essa mentalidade voltada ao carro permite “planejar e organizar a vida para que não tenhamos que andar ou usar a arena pública da cidade”. Escreve ele: “Muitas cidades nos Estados Unidos sofrem de um fenômeno chamado ‘cidade abandonada’, que significa que o espaço público tem sido negligenciado ao ponto em que as pessoas dispensaram a vida na cidade.”. Um detalhe importante aqui, estamos analisando livros escritos há mais de 50 anos atrás e notamos o quanto essa premissas estão corretas.
Era necessário repensar a maneira de construir e planejar as metrópoles para incluir as pessoas na equação. Foi com essa busca por alternativas a um modelo de cidade que só levava o carro em consideração que Jan Gehl começou a conceber sua ideia de que era preciso pensar na qualidade dos espaços da cidade. Segundo ele, se antes a qualidade de um espaço não tinha função no seu uso, nos novos tempos isso passa a ser um parâmetro crucial.
Gehl começou a experimentar essa idéia na sua própria cidade, quando era funcionário da prefeitura de Copenhague. Como muitas das cidades europeias, a capital dinamarquesa também sofria com a falta de espaços públicos e a predominância dos carros. Por isso, em 1962, desenvolveu a ideia de construir um calçadão só para pedestres em uma das principais ruas comerciais de Copenhague, a Strøget. Sua ideia, a princípio, não foi bem-aceita. Mas, depois que os comerciantes viram um aumento nas vendas, perceberam que a presença das pessoas fez bem aos negócios e à rua.
Esse é o ponto de partida de uma ideia de Gehl que pode ajudar a acabar com os problemas que os espaços urbanos enfrentam pelo mundo: cidades feitas para as pessoas. Aqui eu quero também apresentar uma idéia desenvolvida pelo IPUC de Curitiba, muito sob a inspiração do que vinha ocorrendo na Dinamarca, Curitiba criou a primeira rua de pedestres do Brasil, a pequena Luis Xavier, que logo se expandiu e tomou conta da Rua XV, a chamada "Rua das Flores", na bela capital paranaense. A intenção era a mesma, dar mais espaço para a circulação do cidadão.
Esse conceito é muito diferente do que foi usado na concepção e planejamento de Brasília, por exemplo. Em entrevista em julho de 2011, Gehl analisou a capital do Brasil: “Quando a olhamos do céu, ela é incrível, mas, quando a olhamos do chão, parece que estamos em uma maquete fora de escala”, disse o arquiteto dinamarquês.
“É tudo grande demais, as distâncias são impossíveis de ser percorridas pelo corpo humano, e os monumentos, grandes demais para apreciarmos a partir de nossa altura”, prosseguia. “Isso sem contar a falta de calçadas e ciclovias. Se você não tem um carro em Brasília, fica impossível se locomover”, concluiu.
Quem conhece a capital federal pode analisar bem a visão de Jan Gehl.
Por isso, Gehl passou a se dedicar a olhar para a “escala humana” em vez de prestar mais atenção à forma dos prédios, ruas e praças. “É fundamental que encontremos pessoas com outros estilos de vida e outras culturas para uma troca social e cultural da nossa vida diária e pública, que pode ser baseada em confiança e experiências de primeira mão”, afirma o arquiteto. Portanto, o mais importante na cidade é o encontro, as trocas entre as pessoas, sejam sociais, comerciais ou culturais.
“Essa mudança de ponto de vista, a partir do ser humano, é uma nova escala de compreensão da cidade”, afirma Gustavo Ortenblad. Uma mudança que começa com o planejamento, que antes era resolvido dentro dos escritórios, das áreas técnicas, muito pouco atentas ao que de fato estava acontecendo quanto ao comportamento das pessoas, um urbanismo feito de cima para baixo. Não se pensava no individuo, nas suas necessidades e na sua locomoção, apenas se levava em conta aquilo que era definido nos escritórios de arquitetos e urbanistas e nos gabinetes de políticos. (segue)
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
Frase do Dia
"E naquela tarde de domingo fez o povo inteiro chorar..."
Tibério Gaspar e Antonio Adolfo (Compositores) - Música "Sá Marina"
A mente de um Terrorista I
Após acordamos hoje com a notícia de mais um atentado terrorista em Nova York (o primeiro com vítimas após o 11 de setembro) um questionamento me veio à cabeça e resolvi compartilhar com os amigos aqui do Blog:
O que passa na mente de um terrorista suicida? (lembrando que o terrorista de hoje não morreu, ele foi baleado e se encontra em um hospital).
Essa é uma questão extremamente delicada, que envolve uma gama de fatores que vão muito além do mero diletantismo intelectual ou de uma investigação policial comum. É um processo de analise mais detalhado e complexo e que buscarei abordar aqui através de uma série de textos que começarão com este aqui e seguirá pelos demais que irei produzir.
O que passa na mente de um terrorista suicida? (lembrando que o terrorista de hoje não morreu, ele foi baleado e se encontra em um hospital).
Essa é uma questão extremamente delicada, que envolve uma gama de fatores que vão muito além do mero diletantismo intelectual ou de uma investigação policial comum. É um processo de analise mais detalhado e complexo e que buscarei abordar aqui através de uma série de textos que começarão com este aqui e seguirá pelos demais que irei produzir.
Em primeiro lugar, vamos analisar o que motivaria alguém a sacrificar a própria vida para espalhar o medo e o terror nos demais, quais seriam esses motivos tão fortes que fariam um sujeito com comportamento aparentemente normal, chegar em um extremo tão grande. Muitas podem ser essas causas, por exemplo: Expulsão de estrangeiros de um determinado País, provocar mudanças políticas, retaliação ou vingança, ganhar uma projeção midiática internacional, preservação de território, questões étnicas, aspectos culturais e religiosos.
Independente de qual seja a causa que o terrorista utilize, ele é impulsionada pela crença de que a vitória desta causa deve ser conseguida a qualquer custo Os terroristas, em nome da religião, costumam justificar a violência como uma forma de autodefesa ou para vingar as comunidades religiosas a que pertencem.
"Eles acreditam que existe uma diferença entre o certo e errado, mas também que se fizerem alguma coisa em nome da causa, ela será justificada, mesmo que seja errada", argumenta Rona Fields, uma psicóloga americana que tem estudado terroristas por mais de 30 anos. Yoram Schweitzer, do Instituto Internacional para Contenção do Terrorismo, argumenta que a religião não é inocente, mas ela não provoca violência por qualquer razão. Ele diz: "Isso só acontece devido a um conjunto peculiar de circunstâncias sejam elas políticas, sociais e ideológicas".
Estas circunstâncias abrem o caminho para formas de violência ilimitada através da racionalização em nome de um bem comum (no caso da religião..."Em nome de Deus"). Assim, até mesmo as ações mais depravadas acabam sendo justificadas por uma causa supostamente digna e humana.
Com argumentos irracionais, ilógicos e absurdos para a maioria de nós, o ser humano é capaz de justificar quase tudo. Hitler, que usou o terror como uma tática política, mostrou ao mundo que os fins justificam os meios, com seu objetivo de "salvar " a raça ariana através do extermínio dos imperfeitos e dos politicamente inconformados.
Nos dias hoje, os terroristas operam de forma bem semelhante.
Engana-se que pensa que o perfil de um terrorista se assimila com a de um psicopata ou de um bandido, como se acredita. Normalmente ele é um ser humano como qualquer outro, com princípios morais e religiosos.
O médico psiquiatra de origem muçulmana Dr. Eyad Sarraj acrescenta que os terroristas islâmicos são "geralmente pessoas tímidas, introvertidas e não violentas, de uma forma geral".
Então a pergunta a seguir é: Por que estes indivíduos estariam dispostos a se juntar a um grupo terrorista?
O Dr. Jarrold Post, da George Washington University, e ex-chefe da Central Intelligence Agency's Center for Analysis of Personality and Political Behavior in Terrorism, acha que a principal razão é de natureza social. Como acontece com todos os seres humanos, ele necessita pertencer a um grupo que o aprove, e encontrar seu lugar dentro dele.
A missão do terrorista agora se torna um objetivo novo e valioso em sua vida, seguindo os ditames de seu novo grupo social. Seguindo este novo caminho, eles encontram um senso renovado para suas vidas e se sentem importantes e comprometidos. Eles sentem que se tornarão heróis, que seus parentes e colegas irão chorar de emoção em razão de sua coragem absoluta em morrer por uma causa.
Eles irão desaparecer, mas estão convictos agora que deixarão suas marcas em algum lugar, tornando-se o orgulho de todos aqueles que não morreram. Conseguem compreender o tamanho do "problema"? Não se tem como prever qual pessoa ou grupos de pessoas são terroristas em potencial a não ser que você possa realizar alguns exames com a pessoa, mas para isso acontecer, é necessário que se identifique um "suspeito", mas como fazê-lo?
(segue)
A missão do terrorista agora se torna um objetivo novo e valioso em sua vida, seguindo os ditames de seu novo grupo social. Seguindo este novo caminho, eles encontram um senso renovado para suas vidas e se sentem importantes e comprometidos. Eles sentem que se tornarão heróis, que seus parentes e colegas irão chorar de emoção em razão de sua coragem absoluta em morrer por uma causa.
Eles irão desaparecer, mas estão convictos agora que deixarão suas marcas em algum lugar, tornando-se o orgulho de todos aqueles que não morreram. Conseguem compreender o tamanho do "problema"? Não se tem como prever qual pessoa ou grupos de pessoas são terroristas em potencial a não ser que você possa realizar alguns exames com a pessoa, mas para isso acontecer, é necessário que se identifique um "suspeito", mas como fazê-lo?
(segue)
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Uma vez Flamengo...por que não os outros
Entramos em uma semana importantíssima para o futuro do futebol brasileiro. E não falo apenas por ser mais uma decisão de Libertadores (...
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Alguns exemplos de comidas que podem ser mal interpretadas.. Peru. Salpicão. Bruchetta. Ovos mexidos. Salsichão. Lombo. Maminha. Aceito nova...
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Como foi possivel acompanhar no final de semana, o "Capitão nascimento" não vem treinar o Furacão nessa segunda metade da temporad...
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Olá amigos...após 20 dias de "férias" do Blog...eis me aqui de volta!!! Espero que meu descanso não tenha afetado aos acompanhante...