Sintonia
Hoje escrevo a minha primeira coluna após a “largada” da campanha eleitoral de 2012, inicialmente pensei em falar sobre o tema, comentando sobre os candidatos (principalmente os da capital), mesmo incorrendo no risco de cair, no que a jornalista Adriane Werner, diria como “Clichê”. Mas, fui passear pela fria e cinzenta manhã curitibana desse último domingo e, entre as delicias culinárias, artesanato,e várias pessoas desfilando seus belos casacos me deparei com uma cena que me deixou extremamente curioso: Não vi nenhum ciclista utilizando a ciclovia que foi colocada no centro da cidade, e que foi motivo de muitas discussões por parte de especialistas quanto a sua eficácia e que continua recebendo várias criticas sobre a forma com a qual ela foi implementada nas ruas do centro da cidade e de sua utilização apenas como passeio e não para o trabalho durante a semana, como exigem os ciclistas.
Pois bem, pensei o que isso pode ter a ver com política? E principalmente, com as eleições de outubro que vem? A resposta veio em uma palavra: “Sintonia”. Quando você elege um governante, seja ele em qual esfera for, presume-se que esse governante realize ações em sintonia com os anseios da sociedade, ao menos com a maioria dela e que o projeto de governo venha a contemplar aquilo pelo qual anseia a população. Mas não é bem isso que vemos. Nossos governantes tem por hábito, fazer aquilo que suas coligações e compromissos muitas vezes escusos, passem a ser prioridade de trabalho desse tipo de político que não consegue ter sintonia com a sua sociedade. O exemplo curitibano é muito “didático” para entendermos essa distância entre governantes e governados. Ao ver a ciclovia vazia nesse domingo, a primeira coisa que me veio à cabeça foi a de que, se houvesse uma discussão maior com o segmento que representa os usuários de bicicletas da cidade e não apenas seguir a “orientação” daqueles que apenas entendem de construir obras físicas, tenho certeza de que a ciclovia seria construída da maneira correta e que estaria com a sua circulação muito mais movimentada pelos amantes do ciclismo.
Isso não acontece, porque não se faz um trabalho significativo de discussão entre o poder publico municipal e a sociedade para que fosse realizado um projeto que de fato trouxesse uma funcionalidade maior para os praticantes do ciclismo. E o mais grave é que isso não ocorre somente com a ciclovia de Curitiba. Você, amigo leitor, que mora em qualquer cidade do nosso Estado, já participou de discussões sobre projetos que tratem de uma transformação qualitativa para a sua cidade? O Partido dos Trabalhadores em suas primeiras gestões nas cidades brasileiras apresentou um projeto que foi denominado de “Orçamento Participativo”, onde aconteciam plenárias que decidiam de que forma a prefeitura iria utilizar os recursos do orçamento municipal. É lógico que nem tudo podia ser modificado ou posto em prática, mas ao menos a população poderia ter um espaço para opinar. O que começou como uma saudável experiência política acabou se transformando em um palanque para disputas entre grupos que representavam interesses que não eram bem os da maioria da população da cidade. Hoje, confesso que não sei se ainda se pratica o “Orçamento Participativo” como nos moldes que tinham no seu começo, mas o certo é que, independente do partido no poder, as ações dos governos ficam cada vez mais distantes dos anseios da população.
Mas qual seria a alternativa para que essa distância diminua? Como um governo pode ficar em sintonia com a sociedade que o elegeu? Isso passa por uma série de mudanças no comportamento tanto dos políticos, quanto da sociedade para que possamos evoluir na nossa relação política. A sociedade precisa participar mais das decisões tomadas pelos vereadores, deputados, prefeitos, governadores, enfim, por todos aqueles que são responsáveis pelo destino de uma cidade, estado ou do País. Você que mora em uma cidade pequena ou média que tem apenas uma reunião semanal da câmara dos vereadores, quantas vezes você participou de uma sessão dessas? Quantas vezes você buscou informações sobre o que anda acontecendo no parlamento da sua cidade ou na gestão de sua prefeitura? O cidadão de uma cidade maior, com uma quantidade diária de reuniões do legislativo, pode ser acompanhada através da internet, dos jornais e de uma série de outras ferramentas que possibilitam ao cidadão saber como andam as ações de seus representantes políticos.
Confesso que não é uma transformação simples, ainda essa semana, comentei em uma conversa, que não se lembrava de cor a quantidade de vereadores de Curitiba, um absurdo! Percebi que estava me tornando um cidadão que não se interessava pelos destinos de minha cidade. Já busquei me inteirar novamente de tudo que acontece no legislativo municipal e sugiro que todos nós façamos o mesmo, pois sem uma fiscalização atuante da sociedade, os governantes se sentirão a vontade para fazer o que bem entenderem e ai começa a acontecer o distanciamento deles com a sociedade. Fique de olho!
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