Os amigos que me conhecem sabem que passo por um processo de transformação e de amadurecimento em minha vida e uma das características deste processo é o de não deixar de externar aquilo que penso e que acredito, não importando se isso vai agradar ou não e até mesmo se será compreendido pelas pessoas que me rodeiam, mas quero me ater aos aspectos positivos deste processo, e quero também fazer um paralelo entre aspectos de uma práxis sociais e a teoria que ainda é hegemónica no País sobre o Estado como grande "pai protetor" do individuo.
Eu estive hoje, como voluntário, participando de uma ação de ajuda aos desabrigados pelas chuvas que castigam o Rio Grande do Sul e, em especial, a região metropolitana de Porto Alegre, foi um momento de contato direto com a realidade das pessoas que estão sem suas casa, roupas, comida e mais ainda, sem a sua dignidade como ser humano.
Foi uma ação organizada pela ONG AmoBem (Associação movimento do Bem) e que contou com a participação de pessoas das mais diversas profissões, crenças e posições políticas, tendo apenas como elo de ligação a amizade e a solidariedade, foi um momento muito importante para mim e me fez refletir sobre o meu papel como agente político e social.
Movido pelo desejo de ajudar e pela necessidade encontrada no local, me tornei um dos responsáveis pela alimentação das pessoas, pessoas que estão sem nada, mas que sentem fome e não somente a fome física, mas a fome maior, que é a da viver.
Eu, que sempre pensei primeiro em mim e nas minhas necessidades, estava ali, cozinhando para dezenas de pessoas que eu nunca tinha visto na vida (e que acabei pouco vendo, em função de ficar o tempo inteiro na cozinha improvisada na casa de uma moradora, que mesmo sem nada, ofereceu o pouco que tinha para ajudar os vizinhos em situação de maior gravidade e risco), ali, cuidando de panelas, cortando tomate, cebola e fazendo carreteiro sabe-se lá para quantas pessoas, o que aprendi no dia de hoje, na prática, valeu por anos e anos de teorias e mais teorias que aprendi e que durante tempos acreditei que eram as minhas "verdades".
Hoje eu vi o quanto a sociedade é mais forte que qualquer governo, que qualquer intervenção estatal, mesmo que eu já venha estudando isso tem um certo tempo, verificar isso na prática é algo de uma importância ímpar na formação de qualquer ser humano, é muito bom perceber o quanto o Estado só atrapalha o processo de organização humana, durante todo o trabalho que fizemos no local das enchentes apenas o Exercito estava lá, e com a função de "manter a ordem" e evitar tumultos, ora, nós voluntários que organizamos as pessoas, fizemos os cadastros e distribuímos os mantimentos e a alimentação e não foi necessário que o Estado se intrometesse no processo.
Isso me reforçou o pensamento de quanto o Estado atrapalha as ações do organismo social, não que eu seja contra o Estado, mas sou terminantemente contra um Estado gigante e que se meta em tudo, uma máquina burocrática e ineficaz que somente deveria intermediar as decisões da sociedade, mas que infelizmente acaba sendo ele, Estado, aquele que quer determinar aquilo que cada cidadão deve ou não fazer, sem sequer consultar se é isso mesmo que a sociedade deseja.
O crescimento pessoal que tive hoje serviu para consolidar a minha "práxis" e minhas atitudes perante à vida e aos desafios que sempre estão em nosso caminho, e cada vez mais meus estudos e meu auto conhecimento serão aprimorados e buscarei coloca-los em pratica, seja em meus desafios pessoais ou profissionais, só tenho à agradecer aquelas pessoas que, em sua desgraça momentanea, foram capazes de me dar uma aula sobre a vida.
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