domingo, 18 de outubro de 2015

Quem atrapalha?

Como os amigos leitores deste blog e que me acompanham sempre por aqui sabem, participei de uma ação voluntária para atendimento às vitimas dos alagamentos na região da ilhas aqui de Porto Alegre, ação essa que foi organizada pela ONG  AmoBem (Associação movimento do Bem) e que além de distribuir mantimentos (roupas, cobertores, alimentos), servimos também comida para os desabrigados e também voluntários médicos da ONG fizeram atendimento de saúde para aqueles que não conseguem sair de suas residências e que se encontram sem nenhum tipo de atendimento.

E justamente esse é o ponto que quero abordar aqui neste texto, o descaso com o qual essas pessoas estão sendo tratadas (?) por quem gerencia a saúde no município de Porto Alegre (e que, de certo modo, reflete como a saúde pública é tratada pela maioria de nossos gestores público, Brasil afora) e vou tomar como parâmetro um relato de quem esteve no local e atuou diretamente no atendimento dos habitantes do local, o relato é claro e direto, mas triste por se tratar de algo real:

"..O saldo realmente foi positivo mas impossível voltar pra casa sem a sensação de que poderia ter feito tão mais se tivéssemos tido o apoio mínimo de quem deveria estar lá prestando o apoio máximo, ou seja, a saúde do município.
Aquelas pessoas estão sendo tratadas pior que cachorro!
E não tem um paracetamol para dor de cabeça pra tomar
Nós fomos atrás hj pela manhã de remédios no posto e este foi fechado
Pedimos ajuda por todos os meios de comunicação e nada
Precisamos levar material para fazer curativos nos pés deles
A maioria apresenta lesões fundas
Pela umidade
Os idosos estão sem remédio para pressão
Vamos tentar juntar o máximo possível com recursos próprios
Se vcs conseguirem mais coisas nos avisem tbm
Quando vamos outra vez?
Meu marido me disse: quando eu decidi ir pensei que eu não pudesse me sentir pior do que já me sinto diariamente nos postos de atendimento onde tbm falta muita coisa, pois sim consegui me sentir muito pior Pq nos postos pelo menos tem o básico..."

Essas palavras são de uma voluntária da ONG AmoBem que atuou no atendimento das pessoas e me causa revolta em saber que o Estado que tanto atrapalha a vida das pessoas com impostos absurdos e leis desconectadas com a realidade, ainda consegue ser ineficaz nos momentos em que a sociedade mais precisa de uma ação efetiva, não dá mais para que a sociedade fica impassível para esse tipo de descaso, pessoas estão morrendo todos os dias, seja em postos de saúde mal aparelhados ou em tragédias naturais (que pouco tem de natural, na verdade).

Pagamos impostos caros, inúteis muitas vezes, se os gestores públicos não possuem competência para cumprir com suas obrigações, que pelo menos deixem de atrapalhar aquelas entidades e pessoas que querem fazer algo, que estão dispostas a abrir mão de seus dias de folga (muitas vezes até mesmo em horário de trabalho), chega de desculpas esfarrapadas como a já "batida": "Falta de recursos", porque recurso tem, na maioria das vezes, é a corrupção e a ineficiência que não permitem que esses recursos cheguem para quem, de fato, precisa deles.

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