Estou acompanhando as movimentações dos chamados "Presidenciáveis" ou dos pretendentes a tal para as eleições de 2018. Fora Lula que continua em sua cruzada messiânica com intuito de salvar a própria pele (sua candidatura nada mais é, do que a tentativa de configurar como "perseguição política" a sua condenação eminente na segunda instância e as próximas em primeira instância que virão por ai, além é claro, de uma total falta de opção do PT), os demais pré-candidatos fazem suas movimentações, disputam a preferência do eleitorado, brigas internas e tudo mais.
Mais uma coisa me chamou a atenção neste último final de semana: o pré-candidato Ciro Gomes, atualmente no PDT (seu "milésimo" partido), no programa "Canal Livre" da Rede Band, fez uma analise onde, dentre outras coisas, se colocou como o "antagonista" de Bolsonaro (No momento, atrás de uma legenda), considerando o adversário um homem integro ("Mais integro que qualquer um do PSDB", alardeou). Essa pequena demonstração de respeito ao deputado Bolsonaro é uma tentativa, confessada pelo próprio Ciro, de atrair os eleitores do Capitão, em um provável segundo turno ou em um esvaziamento da campanha de Bolsonaro, dentre outros motivos, pelo seu escasso tempo de TV.
Apesar de ser uma observação que faz sentido (sim, Ciro tem algumas características pessoais que são simpáticas aos apoiadores de Bolsonaro!), Ciro não é o primeiro a "sinalizar" o interesse de atrair os possíveis eleitores do deputado carioca. Setores mais liberais já tecem elogios à postura de Bolsonaro, setores do Tucanato também. E todos fazem a mesma "analise/aposta": O tempo escasso de exposição em rádio e TV será uma enorme barreira para que Bolsonaro se torne um candidato competitivo (além daqueles que alegam que a postura do deputado vai lhe render prejuízos eleitorais na campanha presidencial). É quase uma "unanimidade" entre os especialistas e analistas políticos de que Bolsonaro não terá folego para chegar em um segundo turno..
Mas como "Toda a unanimidade é burra!", já disse Nelson Rodrigues e os especialistas e analistas políticos brasileiros não passam de, em sua maioria, uma turma de "palpiteiros", incapazes de perceber a movimentação de vitória de Trump (por preconceito ou por incompetência mesmo), resolvi dar o meu "pitaco" sobre essas recentes "declarações de amor" à Bolsonaro. Não quero aqui partidarizar a discussão, apenas busco expressar a minha opinião sobre a movimentação e sobre o cenário que se desenha. coisa que deveria ser a "regra" de um analista razoável, mas parece que é algo muito além para a "inteligência política" brasileira.
Então vamos lá:
Bolsonaro soube capitalizar o apoio e a simpatia de uma camada enorme da população, conservadora, saudosa de tempos mais prósperos e carentes de uma liderança moralmente séria e com posições firmes sobre temas que fogem da "ditadura" do politicamente correto e das chamadas "políticas afirmativas". Bolsonaro foi tratado com desdem pela grande mídia e pelos analistas/especialistas, muito em função de "analfabetismo analítico", muito por preconceito mesmo. Não conseguiram enxergar que Bolsonaro está longe de ser um ignorante, um bufão, um fanfarrão.Longe disso, o capitão do exército enxergou uma oportunidade, um vácuo de poder e se agarrou em uma estratégia agressiva de enfrentamento, além de uma baita assessoria digital e acadêmica, que faz dele, talvez, o pré-candidato que mais evoluiu intelectualmente, daqueles que se apresentam hoje (desconsiderar isso, é de uma miopia política grave).
O eleitorado de Bolsonaro que se apresenta, não é formado apenas por velhos "saudosistas", pelo contrário, muito jovens (desiludidos com as lideranças políticas tradicionais), engana-se que somente a falta de tempo de TV será suficiente para inviabilizar um eventual segundo turno com a presença de Bolsonaro (não nego aqui a importância de se ter tempo de propaganda na TV, porém, com algumas mudanças na forma de arrecadação de campanha, é errado supervalorizar esse tempo). Enxergo os eleitores de Bolsonaro como os mais "fiéis" até então, mais fiéis do que o próprio eleitorado petista (que passa por um processo sério de desgaste da legenda e de seu mito). Vou além, se as eleições fossem hoje, eu acredito que seria mais fácil que uma parcela de eleitores do PSDB, por exemplo, fossem atraídas para apoiar Bolsonaro do que o inverso. Até alguns eleitores de esquerda, principalmente os que estão desiludidos moralmente com o PT, possam dar essa "inclinada para a direita" (lembrem-se, Bolsonaro representa de certa forma, uma figura forte e nacionalista, coisas que atraem muito os membros da "velha esquerda")
Meus caros amigos, com Lula lutando por sua sobrevivência política, e a do PT também, com o PSDB em processo de autofagia escancarada, com Marina Silva como uma "estranha"no processo e com um Ciro Gomes sem um discurso consistente e se Alvaro Dias não conseguir viabilizar apoios de , não vejo como anormal uma possível ida de Bolsonaro para o segundo turno (claro, isso tudo hoje, a eleição se dará daqui a 1 ano). Alguns setores liberais da direita começam a perceber isso também (já li declarações bem simpáticas do MBL e do DEM sobre a candidatura Bolsonaro). Conseguindo unir liberais e conservadores e atraindo setores de centro esquerda, como vem fazendo, Bolsonaro deixa de ser um mero participante folclórico (um Enéas contemporâneo) e se torna um pré candidato viável e competitivo. Não sou pitonisa, sei que não somente eu enxerguei o que escrevi aqui, portanto, os demais postulantes à presidência já começaram a ligar o alerta com Bolsonaro.
Resta saber se Bolsonaro continuará nessa sequência ou se perderá fôlego quando a disputa for se afunilando. Os adversários também precisam reparar a rota e colocar Bolsonaro no radar. Essa história de que ele é carta fora do baralho pode ser um erro estratégico terrível, custando muito caro para aqueles que não fizerem a leitura correta, sem paixões e sem preconceitos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário