Já se vão longínquos 25 anos que este blogueiro teve o prazer de, pela primeira vez na vida, votar, participar ativamente do processo de escolha de um presidente, exercer aquilo que me era cantando em verso e prosa como a maior conquista democrática do país depois de muitos anos de repressão. Ah que dia, lembro-me perfeitamente de tudo o que antecedeu aquele momento mágico, da ansiedade, da alegria, da verdadeira paixão de um jovem diante de sua "primeira vez".
Pois bem, 25 anos se passaram, o jovem amadureceu, os cabelos se foram e com eles muitas ilusões e verdades da juventude. O Brasil e o mundo também mudaram, a conjuntura politica, econômica e social é outra. Muito ídolos e ícones políticos se mostraram ser de papel, ruíram assim como ruiu o entusiamo que eu tinha para escolher o novo mandatário da nação.
E porque tanta descrença, tanto desanimo justamente naquela que, para muitos, é a mais acirrada e aguerrida disputa eleitoral desde a redemocratização do País?
A resposta é simples, mas sei que causará discordância de meus fieis leitores, sejam eles petistas ou tucanos, é que não consigo enxergar nenhuma diferença real entre as candidaturas no que diz respeito á uma transformação desse País em algo bem maior do que até hoje se tentou fazer. Não desconheço os avanços conseguidos nesses últimos 25 anos, mas também não consigo ver nenhum dos postulantes ao cargo de presidente apresentar um projeto de Estado. Tanto Dilma, quanto Aécio, apenas apresentar "soluções" imediatistas para questões que são muito maiores do que eles mesmos e seus projeto de poder de suas legendas.
sei que existe em jogo uma disputa hegemônica e ideológica, mas e o que fazer depois? Já que nenhum dos lados apresenta claramente nenhuma política de Estado, algo acima das picuinhas partidárias, algo que de fato, sirva para melhorar os rumos do País. É muito pouco para mim, o maniqueísmo do "Nós e eles", sustentar uma "mudança" baseado apenas em programas sociais que já deveriam, esses sim, terem se transformado em Políticas de Estado, bem como, não posso aceitar que um "Choque de Gestão", Meritocracia (Bah...entraremos aqui no discurso do Mérito?) e "Combate à corrupção" sejam o suficiente para que esse País avance de verdade.
Muitos discordarão de mim, ainda mais no calor da disputa que se afunila, mas não vejo nenhuma argumentação até agora que me convença do contrário que explanei a pouco. O Brasil precisa de partidos, entidades, políticos e sociedade mais crítica, organizada (e não aparelhada) e projetos a longo prazo e não apenas eleitoreiros.
Reformas? Sim, são necessárias, mas é preciso ficar de olho para saber o que se está reformando, se a tal reforma não servirá apenas aos interesses de quem detêm a hegemonia de poder. A sociedade precisa ter mais senso crítico de observação e não apenas "exercer" o seu patriotismo em época de Copa do Mundo (nem quero lembrar da última). Eu ainda quero resgatar o meu entusiasmo juvenil de votar com prazer novamente e não apenas ser obrigado a me dirigir à uma urna (aliás, uma grande "reforma", começaria acabando com o voto obrigatório).
Não sei se ainda terei esse entusiasmo de volta, mas vou continuar buscando isso através da "arma" que tenho: a minha capacidade de indignação e esse espaço aqui para expor as minhas ideias e meus pensamentos (ou seriam devaneios?), mas não tenho nenhuma ilusão de que as coisas melhorem, pelo menos, a médio prazo. Mas, como dizia meu querido pai: "O mundo gira"
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