terça-feira, 25 de outubro de 2016

In mentem Thomae Aquinatis

Vou utilizar este espaço aqui para divagar um pouco sobre um dos maiores e mais brilhantes pensadores da história da humanidade, um homem que viveu no século XIII e que até hoje contribui para que possamos compreender um pouco de nossa existência. Não sou filosofo e, portanto, não me atreverei a transitar por esta seara, ressaltarei aqui aqui pequenos aspectos da história deste homem que durante os últimos anos vem sendo "escondido" nos debates acadêmicos e filosóficos do ocidente.

Estou me referindo ao monge dominicano São Tomás de Aquino (que apesar da grafia diferenciada, foi um dos homenageados por meu pai, na escolha do meu nome), Tomás viveu, como me referi antes, no século XIII e durante seus estudos recebeu uma enorme influencia de Aristóteles, Platão e Santo Agostinho. Seus estudos foram tão profundos que acabou por criar um sistema filosófico e teológico próprio e original que, com o passar dos anos, acabou se tornando um ponto de referência para toda a filosofia medieval.

Sua doutrina é tão importante que seus seguidores passaram a ser conhecidos como "Tomistas". No Concilio de Trento, por exemplo, a chamada "Doutrina Tomista" ocupou um lugar de honra no pensamento da Igreja e a partir do Papa Leão XIII, essa doutrina foi adotada como pensamento oficial da Santa Madre Igreja.

Talvez o maior mérito na filosofia e nos pensamentos de Tomás de Aquino esteja no fato dele aliar o pensamento lógico e racional, de origem aristotélica com a Fé Cristã. Ela é, na sua essência a Metafisica (uma das vertentes da filosofia, ocupadas com os princípios da realidade para além das ciências tradicionais, tipo, física, química, biologia, psicologia, etc), a serviço da Teologia. O Tomismo tem uma enorme influencia do pensamento aristotélico (que se tornou amplamente conhecido no ocidente no século XIII por intermédio de traduções do árabe) e serviu de fundamento para o pensamento racionalista e chegou a "ameaçar" a concepção cristã da realidade, tradicionalmente apoiada no pensamento filosófico de Platão.

Segundo as interpretações de São Tomás, tais conceitos não se chocam nem se confundem, mas são distintos e harmônicos. Tomás considera a teologia como ciência suprema, fundamentada na revelação divina, e a filosofia na sua linha auxiliar. cabe à filosofia demonstrar a natureza e a existência divina em plena harmonia com a razão. Só existiria conflito entre a filosofia e a teologia caso a primeira, em um uso incorreto da razão, se proponha explicar o mistério do Dogma religioso sem o auxílio da Fé.

São Tomás de Aquino considera que a Alma é a forma essencial do Corpo, responsável por dar vida à este. Para ele, a alma humana é subsistente, imortal e única, e por isso, o Homem tende naturalmente para Deus. A ética Tomista é concentrada neste movimento, que é considerado natural e racional, do ser para Deus, culminando na visão ou na contemplação imediata do Criador.

São Tomás de Aquino faleceu em 07 de março de 1274. Três anos depois, em 1277, doze de suas teses foram condenadas em Paris. Porém, no ano seguinte, o Tomismo foi adotado pelos Dominicanos. Em 1323, o Papa João XXII canonizou Tomás de Aquino. A partir dai, o Tomismo cresceu durante muitos séculos, mas acabou em uma "armadilha" de se tornar sinônimo de discussões inócuas e abstratas. Até que em 1879 o Papa Leão XIII, através da encíclica  "Aeterni Patris", fez renascer o interesse pela doutrina Tomista.

O que me entristece e me revolta é que durante todo o processo de hegemonia cultural da Inteligência brasileira dos últimos 60 anos, o estudo de Tomás de Aquino tenha sido banido da Academia, onde somente aqueles que queiram se aprofundar um pouco mais, conseguem ter acesso ao pensamento de Tomás de Aquino (me alegra que nos últimos 3 anos tenha crescido o interesse dos mais jovens em conhecer o pensamento Tomista). 

Escrevi esse texto para contribuir com a curiosidade de alguns em procurar conhecer mais o pensamento de genial humano e deste "Santo Racional" que está colocado, com certeza, no Panteão do Grandes da Santa Madre Igreja.

2 comentários:

Unknown disse...

Interessante teus escritos amigo Tomaz Campos, uma ode a cultura do saber filosófico.

Thomaz Campos disse...

Meu caro Henrique...

Grato pela gentileza em ler os meus pensamentos, tenho uma série de assuntos que pesquiso e me interesso, aos poucos vou colocando todos aqui para o debate dos leitores

Um abraço!!!

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