Dando prosseguimento aos textos que me comprometi a fazer, divagando sobre o que chamo de "Mentalidade Esquerdista", vou falar sobre um tema que é bem recorrente nesse universo do pensamento de esquerda. Provavelmente essa seja o texto que mais causará indignação por parte dos amigos esquerdistas que tenho (que não são poucos), mas conforme os leitores do blog já sabem, não abro mão de expressar o que penso aqui nesse espaço, e quem tiver algum contraditório a fazer, que o faça através de um outro texto.
Pois bem, o assunto que abordarei diz respeito a "Arrogância" do pensamento do militante de esquerda, essa arrogância se faz presença em textos, discursos e ações de um movimento ou de um militante de esquerda, é difícil encontrar um esquerdista que ainda não tenha inventado uma nova "solução" para os "problemas" da sociedade. Com frequência, tem-se a impressão de que existem mais soluções do que problemas. A realidade, no entanto, é que vários dos problemas de hoje são resultado das soluções de ontem.
Na visão de mundo da esquerda existe a presunção de que pessoas imbuídas de elevados ideais e princípios morais (esquerdistas, obviamente) sabem como tomar decisões para outras pessoas de forma melhor e mais eficaz do que estas próprias pessoas. Parece exagero, mas basta analisar os discursos da esquerda e você poderá notar isso de forma bem clara.
Esta presunção arbitrária e infundada é encontrada em praticamente todas as políticas e regulamentações criadas ao longo dos anos, desde renovação urbana até serviços de saúde. Pessoas que nunca gerenciaram nem sequer uma pequena farmácia (muito menos um hospital) saem por aí prescrevendo regras sobre como deve funcionar o sistema de saúde, impondo arbitrariamente seus caprichos e especificidades a médicos, hospitais, empresas farmacêuticas e planos de saúde. Mesmo que isso implique em contradizer tudo aquilo que as categorias envolvidas no processo possam pensar ou entender. Valerá o pensamento do "iluminado" esquerdista, detentor de todas as respostas do mundo.
Uma das diversas "cruzadas" internacionais empreendidas por intrometidos de esquerda é a tentativa de limitar as horas de trabalho de pessoas de outros países (especialmente países pobres) em empresas operadas por corporações multinacionais. Um grupo de monitoramento internacional se autoatribuiu a tarefa de garantir que as pessoas na China, por exemplo, não trabalhem mais do que as legalmente determinadas 49 horas por semana.
Por que grupos de monitoramento internacional, liderados por americanos e europeus abastados, imaginam ser capazes de saber o que é melhor para pessoas que são muito mais pobres do que eles, e que possuem muito menos opções, é um daqueles insondáveis mistérios que permeiam a inteligência da esquerda. Interessante aqui é você perceber que esse movimento esquerdista está longe de ser um movimento das chamadas "bases trabalhadoras", na verdade, esse grupo que determina essas ações é formado por grupos econômicos muito bem consolidados.
Parece que simplesmente não ocorre aos intrometidos que as corporações multinacionais estão expandindo as opções para os pobres dos países do terceiro mundo, ao passo que as políticas defendidas pela esquerda estão reduzindo suas opções.
Os salários pagos pelas multinacionais nos países pobres normalmente são muito mais altos do que os salários pagos pelos empregadores locais. Ademais, a experiência que os empregados ganham ao trabalhar em empresas modernas transforma-os em mão-de-obra mais valiosa, e fez com que na China, por exemplo, os salários passassem a subir a porcentagens de dois dígitos anualmente.
Nada é mais fácil para pessoas diplomadas do que imaginar que elas sabem mais do que os pobres sobre o que é melhor para eles próprios. Porém, como alguém certa vez disse, "um tolo pode vestir seu casaco com mais facilidade do que se pedisse a ajuda de um homem sábio para fazer isso por ele". Essa premissa cabe perfeitamente no que quero colocar neste texto, a premissa de que, a arrogância da esquerda acaba por trazer mais problemas do que soluções. É uma roda que gira sempre no sentido contrário aos interesses daqueles que a esquerda alega defender e proteger.
Não quero aqui ofender a integridade de ninguém, não é o meu perfil tecer críticas pessoais a quem quer que seja. Quando pontuo a questão da arrogância, o faço em função de uma linha de pensamento/conduta que tenho observado e estudado ao longo de quase 30 anos de militância política, inclusive, como a maioria de minha geração, tendo começado minha militância em partidos de esquerda. Minhas considerações são no intuito de provocar o debate e discussão sobre os posicionamentos da esquerda e permitir que a geração que se encontra ai no processo político, possa ter a opção de "pensar diferente" e não somente ser refém de uma só mentalidade ou uma só linha de pensamento.
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