Eu vou utilizar esse espaço aqui do Blog para fazer uma observação que, para alguns, pode parecer no minimo pouco ortodoxa, mas como eu sou tudo, menos ortodoxo, não vou me furtar de comentar o que assistir no último capítulo da novela das 18 horas da Rede Globo, chamada "Sete Vidas" (Sim, sou brasileiro e assisto novela também).
Como todo final de novela tivemos o desfecho das personagens da trama, casais se acertando, viagens, sumiço de alguns, etc.
Como não sou crítico de novela, vou apenas me ater ao que me chamou a atenção nesse capítulo que foi a sequência final de cenas, onde o protagonista Miguel (vivido pelo ator Domingos Montagner) reúne seus filhos para uma viagem de barco e um deles, a personagem Felipe (vivido pelo ator argentino Michel Noher), um dos filhos, não pôde viajar com os irmãos e envia uma mensagem pela internet para a família que está no barco.
A mensagem é uma citação de Fernando Pessoa, linda como de costume de poeta português, mas o que mais me chamou a atenção de verdade veio em seguida, uma sequencia de cenas, ao som de uma bela música, onde o desfecho das demais personagens vai acontecendo aos poucos e um desses desfechos foi de uma beleza e de uma poesia sem tamanho
A cena entre as personagens Renan (interpretado pelo ator Fernando Eiras) e Eriberto (interpretado por Fabio Herford) dentro de um cinema, onde passava uma sessão de filmes de Chaplin, onde as duas personagens começam a tocar as mãos, marcando de vez o inicio de um romance entre os dois, a cena foi tão bem feita e tão bem interpretada pelos dois atores, que deixou claro para quem quis enxergar, que você não precisa escrachar nada para marcar uma posição ou defender uma causa.
A cena entre dois homens maduros que descobrem a sua homossexualidade de maneira forte e sútil, com uma grande paixão entre si, não precisou de discursos panfletários (aliás, nem dialogo tem a referida cena), nem de cenas escandalosas...o simples tocar de mãos entre as personagens e a expressão estampadas em suas faces, falam mais do que "Mil discursos de Gênero", mostra que o amor está acima de convenções sociais ou de posições políticas.
O casal em questão é formado por homens com seus 50 anos e de uma classe social alta, e provavelmente, se fossem na vida real, seriam vitimas de preconceitos.
Nada como a dramaturgia para mostrar uma questão tão séria e tão importante, de uma maneira tão poética e tão bonita, parabéns à autora Licia Manzo pelo texto brilhante, pela direção de Jayme Monjardim e pela excelente atuação dos atores envolvidos.
Um belo marco na Televisão Brasileira!!!
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