Bipartidarismo
Na semana que passou, foi dada a largada para as eleições presidenciais de 2014. Em um ato em São Paulo (comemorando os 10 anos do partido no poder), o PT deixou claro para quem quisesse ouvir, que Dilma Rousseff será a candidata do partido à reeleição, inclusive com as bênçãos de Lula, seu “padrinho” politico e principal cabo eleitoral de sua campanha. No mesmo momento, em Brasília, Aécio Neves vazia um longo discurso na tribuna do senado, onde mostrava o que ele considerou as “13 falhas do PT no governo”, onde, na prática, assumiu a condição de pré-candidato do PSDB à presidência da república.
E aqui no alto de minha ignorância, me perguntei: Por que ambos, PT e PSDB,no “lançamento” de suas candidaturas, fizeram questão de mencionar um ao outro? E a resposta me pareceu muito clara: Os dois partidos querem se enfrentar em 2014 e não querem correr nenhum risco de serem surpreendidos por nenhuma “novidade” na eleição (entenda-se ai Marina Silva, Eduardo Campos e por ai vai).
Torna-se cômodo, tanto para tucanos quanto para petistas, que as duas legendas assumam a hegemonia do processo. Isso evita deserções, apara possíveis arestas pendentes e tira a possibilidade que apareça um discurso que traga algo diferente na disputa (PT e PSDB sabem muito bem qual o discurso de um e de outro). Para o PT a polarização entre os dois partidos é o primeiro passo na estratégia do partido de vencer a eleição no primeiro turno, sem o desgaste de ter que disputar outra etapa do processo, além de dar um “recado” para a base aliada de que está “fechado” em torno de Dilma.
Os tucanos estão em uma situação muito delicada, apesar de deterem o poder em alguns estados importantes, carecem de uma candidatura forte e que unifique a legenda e ir para o embate com o PT logo de cara, pode trazer uma visibilidade para a possível candidatura de Aécio que hoje não existe.
Tudo está muito no começo, mas a se levar em conta este primeiro ato, parece que teremos em 2013, um ano de uma espécie de “Jogo de compadres” entre Petistas e Tucanos. As duas legendas vão buscar focar toda a discussão entre si e abafar qualquer possibilidade de surgimento de uma terceira ou quarta força no processo.
Resta saber se o restante dos partidos e lideranças ficará de braços cruzados, passivamente, olhando essa manobra dos dois partidos. Eu sou favorável a que se apresente sempre uma terceira ou quarta vias, para que o eleitor tenha condições de optar por mais do que uma polarização que já vem se apresentando desde 1994. São 19 anos de polarização entre PT e PSDB e isso não é muito saudável para a democracia brasileira. Não podemos viver com um “bipartidarismo” camuflado, o eleitor precisa de alternativas de poder, por mais heterodoxos que possam parecer.
Tenho esperanças de que ainda se apresentem outras candidaturas consistentes e com propostas sérias para disputar as eleições de 2014. Não quero um primeiro turno adiantado, quero a oportunidade de analisar bem as propostas e poder ter uma segunda oportunidade para definir o novo presidente com a maioria absoluta dos votos.
Uma semana de muitas conquistas para todos!!!
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