quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Esse Donald não é nenhum "Pato"!

Fiquei até de madrugada ontem, acompanhando o resultado das eleições americanas e a vitória do candidato republicano Donald Trump (contrariando todos os prognósticos e "torcida" da mídia interna e externa, escreverei uma postagem somente sobre isso) contra a candidata do partido democrata Hilary Clinton que todos acreditavam que seria eleita a primeira mulher presidente dos Estados Unidos. 

Esse processo americano veio explicitar uma situação que há tempos venho analisando e que ficou bem mais explicito nesse processo: O brasileiro, mesmo aquele que se julga "especialista" em qualquer coisa, na maioria dos casos, não passam de "palpiteiros". Costumamos emitir opiniões sem analisar o caso com profundidade, apenas por nossas "crenças" e "verdades" não importando a opinião contrária ou mesmo com a preocupação de analisar o cenário. Se assim o fizessem, a vitória de Trump não causaria tanta surpresa, seria analisada como algo natural e perfeitamente viável em uma disputa acirrada, violenta e desgastante que nem foi esse pleito que se encerrou ontem.

Ontem era até cômico perceber o espanto e até a indignação de alguns "especialistas" em política quando o resultados das urnas começaram a aparecer e mostraram o que estava se desenhando e que muitos não queriam acreditar (este humilde blogueiro escreveu uma postagem intitulada "Hilary Colorada", onde fazia uma analogia entre a candidata democrata e a pífia campanha do meu time e apontava que Hilary se encaminhava para a derrota). Os nossos "analistas" não levaram em consideração que a sociedade americana  não é Nova York, Los Angeles ou Miami. Existe uma sociedade americana que vive sob o espectro de uma crise econômica, o americano médio não está interessado se serão construídos "muros" ou se a Ucrânia foi invadida pela Rússia, ele quer saber se terão postos de trabalhos, se a economia vai voltar a acelerar.

O discurso do já presidente eleito Donald Trump ontem, já foi de um tom muito diferente da campanha, falou em união, em "governar com todos e para todos" (os americanos, diga-se). A vitória não foi somente de Trump, mas do partido republicano (o partido venceu na câmara dos deputados e no senado), que poderá levar adiante o seu programa tradicional de diminuir impostos e acelerar a economia. Trump terá poderes para implantar seu projeto de governo e, como um hábil político que é (se engana quem acredita que Trump não é político), tem grande condições de fazer um governo de reconstrução americana e com possibilidades de se reeleger em 2020. Não se pode esquecer que enquanto a Hilary dançava com Katty Perry, Trump ia até os rincões do País através de conquistar o voto do eleitor médio americano. Enquanto Hilary falava que era a favor do aborto, de política externa, a intenção do americano médio era em políticas internas, em geração de renda, em mais empregos, em aquecimento da economia.

Outro aspecto interessante: Trump bateu, apanhou, esperneou, comprou brigas e venceu brigas, enfrentou todos as previsões contrárias dos "especialistas", que apontavam que o republicano não teria nenhuma chance de se viabilizar como candidato, ainda mais como presidente. A forma de fazer campanha de Trump é para mostrar que nenhum político brasileiro teria coragem de fazer. "Deitou e rolou" quando aparecia na TV e nos comerciais pagos de campanha. Não podemos esquecer que Hilary foi devastada com denuncias que iam desde ao uso de e-mails particulares, até suspeita de lavagem de dinheiro para o Estado Islâmico, através da Fundação Clinton, criada pelo marido da candidata, o ex-presidente Bill Clinton. 

Se nossos "especialistas" se dessem ao trabalho de estudar um pouco mais aquilo que se prestam a comentar, teriam percebido os sinais de que o americano médio saiu de casa para votar, ele já estava com a cabeça voltada para seus problemas e não para uma política intervencionista, como entoava o discurso da candidata democrata. Hilary mentiu em sua campanha e isso a sociedade americana não tolera. Trump falou o que bem entendeu, mas em nenhum momento foi taxado de mentiroso, louco sim, mas mentiroso não. quem acredita que Trump é um imbecil, não se atentou para o fato de que ele seguiu à risca as orientações do livro "Take No Prisoners" de David Horowitz, que apregoa que os republicanos deviam reagir à pauta dos democratas, sob o risco de verem a hegemonia do partido de Obama se consolidar ainda mais no cenário político dos Estados Unidos. Cabe aos republicanos, segundo Horowitz, impor sua agenda política conservadora para enfrentar o discurso e a prática do partido democrata.

Trump fará um governo nacionalista e não intervencionista, logo o mercado financeiro vai se estabilizar (a queda das bolsas após o anúncio da vitoria do republicano foi motivada pela surpresa, todos esperavam a vitória de Hilary), com maioria no congresso. terá condições de implantar essa agenda mais conservadora do partido. Quanto ao Brasil, nada vai mudar na relação entre os dois países, esse pânico que foi criado por aqui de que a eleição de Trump causaria um caos nas relações bilaterais entre Brasil e EUA, ou não entende de política externa, ou está agindo de má fé (aqui quero registrar minha preocupação quanto a postura do Itamaraty nesse processo eleitoral americano). O Brasil e a America do Sul não estão na pauta de Trump, as relações do próximo governo com a região não sofrerá alterações bruscas (o receio da suspensão do "Acordo do Pacífico" não me parece nos planos do novo presidente). Se os investidores brasileiros querem ganhar dinheiro com os EUA, tem que contar com sua própria competência e não contar com a ajuda do Estado americano.

Uma coisa, porém, pode-se tirar do resultado de ontem: As esquerdas do mundo inteiro sofreram uma enorme derrota. Cada vez mais a pauta dos democratas se alinham com o pensamento da esquerda internacional. Alguns ideólogos esquerdistas viam na eleição de Hilary, uma mulher, como a consolidação de uma política de minorias no País. Esse pensamento foi que criou toda essa "onda de pesadelo" com a eleição de Trump, as coisas estão longe de serem catastróficas. Os EUA possuem uma sólida instituição democrática e Trump sabe disso, tanto sabe, que se elegeu usando isso à seu favor. teremos uma nova "cara" na Casa Branca sim, mas será a cara do americano médio, aquele que só pensa em ganhar seu dinheiro e não está muito preocupado com aquecimento global ou imigração na Europa. Isso é bom ou ruim? Para os americanos, com certeza, bom. Para o resto do mundo, veremos nos próximos 4 anos.

para finalizar, uma coisa que aprendi com essa campanha americana: Esse Donald está longe de ser um "Pato"!

2 comentários:

Solange disse...

Perfeito!!! Só li agora, mas, de modo mais profundo, é como penso.

Thomaz Campos disse...

Cara Solange...

Sempre grato pela honra que você me dá ao ler meu blog, é uma enorme responsabilidade...
Quanto ao Trump...ele mostrará a que veio!!!

Atenciosamente

Uma vez Flamengo...por que não os outros

Entramos em uma semana importantíssima para o futuro do futebol brasileiro. E não falo apenas por ser mais uma decisão de Libertadores (...